Linhas vermelhas: R(t) a baixar em quase todas as regiões — mortalidade deve manter-se elevada
Pressão sobre as unidades hospitalares, incidência, transmissibilidade, e positividade voltaram a diminuir na última semana. A excepção à tendência é a mortalidade, que subiu para 16,4 óbitos por milhão de habitantes e deve manter-se elevada nas próximas semanas.
A pressão sobre as unidades de cuidados intensivos (UCI) em Portugal dá indicação de “estabilização ou início de diminuição”, de acordo com o relatório semanal de monitorização das “linhas vermelhas" elaborado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). O número de internamentos em UCI no continente desceu para de 82% para 77% na última semana, acompanhando a tendência decrescente da esmagadora maioria dos indicadores. A excepção é a mortalidade, que subiu para 16,4 óbitos a 14 dias por milhão de habitantes e deve manter-se elevada nas próximas semanas.
O relatório dá conta de uma actividade epidémica no país com “tendência decrescente a nível nacional, mas ainda crescente nas regiões Centro e Alentejo”, apesar de continuar “de elevada intensidade”.
O valor de doentes em UCI presente no relatório é relativo a 4 de Agosto, quando estavam nestas unidades 196 pessoas, e a tendência mantém-se no relatório desta sexta-feira: na quinta-feira 196 camas ocupadas, o equivalente a 77% do limite definido como crítico de 255 camas. As unidades mais pressionadas são as da região de Lisboa e Vale do Tejo, que com 54% do total de casos em UCI do país está a 103% do limite regional de 103 camas (106 ocupadas).
Relativamente à mortalidade, os 16,4 óbitos por milhão de habitantes estão acima do limiar de 10,0 estabelecido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, sigla em inglês). O relatório refere que este indicador apresenta uma tendência crescente “que se poderá manter nos próximos dias” dado o aumento de casos de infecção observado no grupo etário de 80 ou mais anos.
A incidência cumulativa era a 4 de Agosto de 357 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, notando-se uma “tendência decrescente” que é verificada em todas as regiões do país, exceptuando o Alentejo, onde se observou um aumento de 8% para 340 casos por 100 mil habitantes – ainda assim abaixo do limiar de 480. Acima deste limite está apenas a região do Algarve (742), ainda que com uma redução de 15% face à semana anterior.
A faixa etária com maior incidência continua a ser a dos jovens entre os 20 e os 29 anos, com 791 casos por 100 mil habitantes. No entanto, o único grupo etário com aumento face aos registos da semana anterior é o de pessoas acima dos 80 anos, ainda que seja o que apresenta a terceira menor incidência (168), depois do grupo dos 70 aos 79 anos (116) e dos 60 aos 69 anos (141). Esta subida no grupo dos mais velhos pode “traduzir-se no aumento de internamentos em enfermaria e mortes nas próximas semanas”, alerta o relatório.
Já no índice de transmissibilidade, a realidade é semelhante, com uma descida generalizada e uma região a fugir à evolução global: "o valor médio do R(t) desceu em todas as regiões, com excepção da região Centro”. O R(t) é até inferior a 1 em algumas regiões, indicando uma “tendência decrescente” e de diminuição dos contágios. Desceu de 1,02 para 0,92 no Norte, de 0,94 para 0,87 em Lisboa e Vale do Tejo e de 1,08 para 0,94 no Algarve. No Centro subiu de 0,99 para 1,01, enquanto no Alentejo houve uma “estabilização ou ligeira redução” de 1,06 para 1,05.
O relatório de monitorização desta sexta-feira avança ainda que a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 está novamente abaixo do limite de 4% definido. Nos últimos sete dias foi de 3,9%, uma descida face aos 4,2%. A descida da taxa de positividade é acompanhada também por uma descida do número de testes realizados (423.706, menos 8152 que na semana anterior), uma evolução dos indicadores que acompanha o cenário dos casos de infecção na comunidade.