Terá Ethan Coen abandonado de vez o cinema?
The Tragedy of Macbeth, com estreia anunciada para Setembro, já só tem a assinatura de Joel, enquanto Ethan parece ter-se virado para o teatro. Mas os dois têm ainda nas estantes “uma tonelada de argumentos geniais”, diz o compositor Carter Burwell.
No próximo dia 24 de Setembro, o Festival de Cinema de Nova Iorque estreará o filme The Tragedy of Macbeth, com Denzel Washington no papel do protagonista da famosa peça de William Shakespeare. Nada de surpreendente, num festival que certamente vai estrear muitas outras produções. A não ser o misterioso facto de, na ficha artística do filme – onde estão também actores como Frances McDormand e Brendan Gleeson –, a realização surgir assinada apenas por Joel Coen e de o seu irmão Ethan não aparecer em nenhum lado.
É uma situação estranha, para quem vem acompanhando a carreira dos dois irmãos desde a sua primeira longa-metragem, Sangue por Sangue (Blood Simple, 1984). A sua filmografia, que conta já mais de uma vintena de outros títulos, faz da dupla a parceria com maior êxito no cinema americano das últimas quatro décadas – um êxito coroado com um Óscar para Fargo (1996) e três outros para Este País Não É para Velhos (2007), por exemplo.
A “separação” que agora parece à vista foi noticiada pela Europa Press, que a atribui ao abandono – talvez momentâneo? – do cinema por parte de Ethan Coen. Aos 54 anos (mais novo três anos do que Joel), Ethan decidiu virar-se para o teatro. A ilação da agência noticiosa espanhola foi retirada das declarações prestadas ao site americano IndieWire por Carter Burwell, o compositor “residente” da filmografia dos irmãos Coen.
“Ethan parece estar muito feliz com aquilo que está agora a fazer, e não sei o que é que Joel fará a seguir” à estreia de The Tragedy of Macbeth, disse o músico, manifestando no entanto a expectativa de que os dois irmãos retomem o trabalho conjunto. Até porque eles têm nas suas estantes “uma tonelada de argumentos que escreveram juntos, e que são geniais”, acrescentou Burwell, sem, contudo, deixar de lembrar que estamos a viver um momento em que “ninguém sabe” o que irá fazer a seguir, já que o cinema “é um negócio maravilhosamente imprevisível”.
A verdade é que o facto de Ethan não ter integrado a equipa de The Tragedy of Macbeth – o filme foi desta vez escrito apenas por Joel, a partir do texto original de Shakespeare, que “também não é um mau argumentista”, ironizou o jornalista Rafael Sánchez Casademont na edição em língua espanhola da revista Esquire – deixa em aberto dúvidas quanto ao futuro da parceria dos dois irmãos, que tiveram em A Balada de Buster Scruggs (2018) o seu último projecto partilhado. A ver vamos…