Município investiga morte de animais no Jardim de Arca D’Água
Cinco patos e uma pomba apareceram mortos no lago do jardim histórico do Porto. DGAV recomendou realização de análises. Cidadãos que alertaram para problema falam em falta de manutenção. “Este jardim é completamente negligenciado”
A Direcção-Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) recomendou à Câmara do Porto que realizasse análises aos cadáveres dos animais que no dia 1 de Agosto foram encontrados no lago do jardim de Arca d’Água. O alerta para o problema surgiu de um grupo de moradores da zona que costuma encontrar-se naquele jardim para passear os cães: ao avistarem os animais - três a boiar no lago, já mortos, e outro com a cabeça afundada em água e visivelmente em mau estado –, contactaram a PSP e o CROA (Centro de Recolha Oficial de Animais). E agora juram não deixar cair o assunto.
No local foram recolhidos “cinco cadáveres de patos e uma pomba”, confirmou a autarquia questionada pelo PÚBLICO. E o acontecimento está a ser analisado: “Dada a anormal quantidade de cadáveres recolhidos, foi já informada a DGAV que recomendou a realização de análises aos cadáveres por forma a despistar eventual surto ou doença”, acrescenta.
Maria Alvarez mora em frente ao jardim há vários anos. No passado domingo, no habitual passeio com os vizinhos, deparou-se com um cenário “horrível”. Mas, apesar disso, não completamente surpreendente. “Há dias que reclamávamos que a água cheirava a corpos em putrefação”, conta. As queixas não se ficam, aliás, pela falta de limpeza do lago. “Este jardim é histórico e é muito negligenciado pela câmara”, acusa Maria, dizendo que é frequente haver lixo no chão, baldes de papéis arrancados, bancos partidos e ainda falta de policiamento. “Parece que está ao abandono e que está cada vez pior. Este presidente só se preocupa com a zona dos ricos.”
Desde domingo que a moradora tem mantido contacto com a autarquia, o CROA e várias associações e, em nome de vários moradores empenhados em garantir a segurança no jardim, promete não baixar os braços. “Neste momento, a nossa maior preocupação é o lago ser esvaziado o mais depressa possível. As águas paradas podem não só matar os restantes animais como causar doenças em quem passeia no parque”, continua Maria Alvarez.
Ratos, lixo e outras complicações
Nas últimas semanas, vinham aparecendo vários ratos e ratazanas mortos no jardim – o problema da presença de roedores é, aliás, uma das queixas recorrentes – e agora os moradores (que têm até uma página no Facebook denominada Amigos do Jardim de Arca d’Água) suspeitam que possa estar aí a origem do problema. “Quando se coloca veneno, os ratos tentam muitas vezes fugir para a água e podem ter contaminado o lago. Se foi a autarquia não avisou e é crime, se foi outra pessoa é crime também.”
A Câmara do Porto garante que “não houve qualquer acção de controlo de pragas nesse local” promovida pelo município e fala numa “manutenção diferenciada com uma frequência elevada” do jardim, tendo a última ocorrido em Junho. “As intervenções no lago incluem a manutenção das suas margens e o esvaziamento e limpeza da superfície, após o seu esvaziamento”.
Maria Alvarez contesta. “É mentira. Há dois anos que este lago não é limpo. Só limpam em Julho, porque em Agosto existe a festa da Nossa Senhora da Saúde. Mas por causa da pandemia não houve festa nem neste ano nem no ano passado.”
A Câmara do Porto insiste que a empresa municipal Águas do Porto faz com frequência análises laboratoriais da água de todos os lagos dos jardins da cidade e diz estar a fazer “todos os esforços para encontrar a causa deste incidente pontual e tomar as medidas corretivas consideradas necessárias”.