Exército afegão promete lutar por Lashkar Gah, a capital de Helmand quase nas mãos dos taliban

Residentes em Lashkar Gah temem acções dos taliban e também os bombardeamentos do Exército. “Há cadáveres nas ruas”, descreve um residente.

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Lojas fechadas em Lashkar Gah WATAN YAR/EPA

O Exército afegão prometeu uma grande operação para voltar a controlar a cidade de Lashkar Gah, a capital da província de Helmand, que foi entretanto praticamente dominada pelos taliban. Habitantes da cidade contaram à BBC como temem os dois lados: “Os taliban não vão ter misericórdia de nós e o governo não vai parar os bombardeamentos”, disse um dos habitantes.

Se os taliban conseguirem ocupar a cidade, será a primeira capital de província tomada desde 2016 (outras duas capitais, Kandahar e Herat, foram alvo de tentativas). Sendo Lashkar Gah, ainda para mais, a capital de Helmand, a província em que se centraram as operações militares norte-americanas e britânicas durante a guerra, o golpe será particularmente duro se cair nas mãos dos taliban, nota a BBC.

A situação na cidade é uma versão mais aguda do que está a acontecer no Afeganistão depois da retirada das forças dos EUA e internacionais do terreno, em Maio, diz o New York Times: os extremistas controlam de momento metade dos cerca de 400 distritos afegãos. Nos confrontos, morreram milhares de civis, o maior número entre Maio e Junho desde 2009, o ano em que a ONU começou a recolher estes dados.

Em Lashkar Gah, morreram pelo menos 40 civis na segunda-feira, segundo a ONU. “Há cadáveres nas ruas, não sabemos se são civis ou taliban”, disse outro habitante. “Dezenas de famílias já saíram de casa e foram para perto do rio”, contou.

Sami Sadat, o general que está a liderar as forças afegãs em Helmand, pediu para os residentes da cidade deixarem as suas casas enquanto dura a operação. À BBC, Sadat reconheceu que os taliban dominavam a maior parte da cidade, mas disse não acreditar que tivessem capacidade para manter a posição.

Majid Akhund, vice-presidente do conselho provincial de Helmand, disse que os taliban controlam nove das dez divisões administrativas da cidade, apesar dos ataques aéreos de aviões afegãos e norte-americanos.

Os combates mais duros travaram-se perto do maior edifício governamental, que é a prisão, segundo o diário britânico The Guardian. Os taliban tentaram libertar prisioneiros, mas não conseguiram.

Enquanto isso, na capital afegã, Cabul, um carro armadilhado explodiu perro da “zona verde”, onde estão os edifícios governamentais e as embaixadas estrangeiras, num local fortificado. Seguiu-se uma troca de tiros entre dois homens armados e soldados afegãos. Morreram pelo menos três pessoas, e sete ficaram feridas.

Pouco depois, centenas de civis foram para as ruas na capital com cânticos de Allahu Akbar (Deus é grande) em apoio do governo, conta a Reuters. Houve outras manifestações espontâneas contra os taliban numa série de cidades, onde as pessoas gritavam à noite de suas casas, em apoio às forças afegãs.

No plano diplomático, o representante norte-americano nas conversações entre o governo afegão e os taliban disse que os extremistas estão a aproveitar os rápidos avanços no terreno para exigir ficar com a maior parte do poder em qualquer acordo. Segundo o diplomata Zalmay Khalilzad, não há assim grande expectativa de que as negociações saiam do impasse, com os dois lados “muito longe um do outro” e a fazer cálculos com o que podem negociar conforme os ganhos no terreno, criticou.

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