Exames nacionais: negativas aumentaram até 82%
Análise à distribuição das classificações confirma que os resultados dos exames voltaram à normalidade. Há muito mais “chumbos” e muito menos notas altas.
O número de estudantes com nota negativa nos exames nacionais disparou em relação ao ano passado, confirmando que o modelo de prova deste ano tornou mais difícil ter boa nota. O Instituto de Avaliação Educativa (Iave) aumentou o número de perguntas de resposta obrigatória para evitar notas “demasiado elevadas”, como as que se verificaram no ano passado. Em consequência disso, reduziu-se bastante o número de alunos com notas iguais ou superiores a 18 valores.
É no exame de Biologia e Geologia, feito por 36.517 alunos, que mais se nota o aumento do número de classificações negativas. Em 2020, com as regras especiais nos exames devido aos impactos da pandemia sobre o ano lectivo, registaram-se 5186 provas com classificação abaixo dos 9,5 valores. Nesta disciplina “chumbam” agora mais 4245 alunos do que no ano anterior – um aumento de 82%.
O número de provas realizadas a Biologia e Geologia (a disciplina mais concorrida nos últimos dois anos) até diminuiu face ao ano anterior. Foram ao exame quase menos 5000 alunos.
Tal como se verifica nas médias nacionais das disciplinas mais concorridas, os resultados dos exames do ensino secundário – que foram divulgados esta segunda-feira pelo Ministério da Educação – parecem retomar a normalidade.
A Matemática A e Física e Química, outras duas disciplinas onde se realizaram mais de 30 mil provas, a realidade é semelhante à de Biologia e Geologia. Na Matemática, o número de alunos com nota inferior a 9,5 valores aumentou 71% – de 8839 para 13.475. Já na Física e Química houve mais 6349 (ou seja, 68%) “chumbos” nos exames nacionais. Registaram-se, em 2021, 15.739 notas negativas nesta disciplina.
Os resultados de Português, disciplina que no ano passado tinha ficado imune à subida de notas e que este ano mantém a mesma média nacional, servem como comparação com as outras provas mais concorridas. O número de negativas aumentou ligeiramente – mais 92 alunos tiveram nota inferior a 9,5 valores face ao ano passado, uma variação de 1,2%.
Também a proporção de alunos com classificações muito elevadas se mantém semelhante: 2,7% dos estudantes que fizeram o exame do ano passado tiveram nota igual ou superior a 18. Este ano foram 3,9%.
Menos notas muito altas
Uma análise à distribuição das classificações dos alunos confirma que os resultados dos exames de ano lectivo apontam no mesmo sentido que as médias ou as notas negativas, confirmando o impacto das mudanças de regras introduzidas pelo Iave.
No ano passado, quase um quarto (24,7%) dos estudantes que fizeram a prova de Matemática A teve uma nota igual ou superior a 18 valores. Este ano, foram apenas 8,9%, que correspondem a pouco mais de 3000 provas.
Outro indicador que aponta no mesmo sentido: a moda – isto é, a nota mais vezes tirada pelos alunos que fizeram esta prova – foi, no ano passado de 19 valores a Matemática A (4628 inscritos tiveram essa classificação). Este ano, a moda é de 10 valores e apenas 2125 alunos tiveram essa nota. A distribuição de classificações foi, desta feita, mais uniforme e mais próxima dos valores intermédios da escala utilizadas nos exames nacionais.
Matemática A, Física e Química e Biologia e Geologia têm comportamentos semelhantes nas várias análises que podem ser feitas a partir dos resultados dos exames nacionais divulgados esta segunda-feira pelo Ministério da Educação. A distribuição de notas não é excepção.
Há uma redução assinalável da proporção de notas muito elevadas em ambas as disciplinas. A Física e Química, o número de provas com 18, 19 ou 20 passou de 19,8% para 3,6%. A Biologia e Geologia, 2,8% dos alunos inscritos tiveram uma das três notas máximas. Há um ano eram 11,8%. No ano passado, o número de notas máximas tinha quase duplicado.
Também a moda de ambas as provas sofreu uma diminuição. A Biologia e Geologia passou de 16 (nota tirada por cerca de 5500 alunos) para 14 valores. A Física e Química a descida é mais acentuada: há um ano, 4216 alunos tiraram 18, ao passado que, este ano, a moda é negativa (7 valores).