Cidade australiana de Sydney põe militares a vigiar o confinamento
A maior cidade da Austrália vai estar confinada pelo menos até 28 de Agosto. Também a Grécia recorreu ao reforço de autoridades de segurança para conter o aumento dos contágios, especialmente nas ilhas no mar Egeu.
Um confinamento que dura há cinco semanas não reduziu o contágio de SARS-CoV-2 em Sydney, impulsionado pela variante Delta. Para tentar travar a transmissão do vírus na maior cidade da Austrália, centenas de soldados vão patrulhar a cidade a partir de segunda-feira para reforçar o cumprimento das medidas.
Desde Junho que o país enfrenta um surto relacionado com a variante Delta, tendo apenas 18% dos australianos totalmente imunizados – a segunda mais baixa da OCDE. Na quinta-feira foram registados 239 casos no estado de Nova Gales do Sul, o valor diário mais alto do estado desde o início da pandemia. O aumento de contágios levou a polícia do estado a pedir ajuda ao Exército australiano para reforçar o cumprimento do confinamento: a partir de segunda-feira, três centenas de soldados não armados vão ser enviados para as ruas de Sydney.
David Elliot, responsável do governo de Nova Gales do Sul pela polícia e serviços de emergência, avançou que a presença dos soldados vai ajudar, porque uma minoria de residentes da cidade acredita que “as regras não se aplicam” a eles.
O confinamento vai estar em vigor até, pelo menos, 28 de Agosto e obriga ao recolhimento domiciliário da população e um limite de deslocação de dez quilómetros. Os soldados vão juntar-se à polícia nos locais mais afectados para garantir que as normas estão a ser cumpridas e vão ajudar a bater à porta das pessoas que testaram positivo, para verificar se cumprem o isolamento.
O surto tem afectado os subúrbios mais pobres, casa de muitas comunidades aborígenes, migrantes e refugiados. Prejudica também muitos trabalhadores essenciais e famílias numerosas. As críticas afirmam que essas áreas têm sido alvo de medidas “direccionadas” de policiamento, salientando que as restrições nessas zonas são mais apertadas do que no resto de Sydney. Vários residentes contactados pelo Guardian falam numa “invasão” e “ocupação”, medo, frustração e “exaustão” perante a resposta ao surto das autoridades.
Como explicou Bahram Mia, da Community Migrant Resource Centre em Parramatta, um subúrbio de Sydney, “grande parte da comunidade já está reticente em tomar a vacina, porque muito do seu sentimento assenta numa desconfiança para com o governo”.
Reforço policial nas ilhas gregas
Também a Grécia recorreu a um reforço das autoridades de segurança nos destinos de férias nas ilhas do mar Egeu. Com a variante Delta a conquistar cada vez mais terreno, os responsáveis do sector do turismo falam em “gerir o incontrolável” à medida que o país recupera parte das perdas do sector turístico e os contágios nas ilhas disparam.
O vice-ministro da Protecção Civil, Nikos Hardalias, disse que Míconos e Ios estão a “um passo” de verem impostas mais restrições, e as ilhas de Zakynthos, Tinos, Lefkada, Santorini, Paros e Rodes também causam preocupação.
Para Míconos já foram enviados 186 polícias. Na quinta-feira, mais 30 agentes, apoiados por autoridades de segurança e agentes à paisana, foram enviados para Ios, uma das ilhas populares pelos seus bares e discotecas. Michalis Chrisochidois, ministro da protecção dos cidadãos, referiu que a polícia tem sido “muito activa” na aplicação da lei e para garantir “o cumprimento das medidas”. Mas “há um risco muito elevado de a ilha ser fechada”, alertou.
Desde que os destinos abriram ao público há dez semanas, o sector do turismo grego tem registado um período relativamente bom em comparação com o resto da Europa. No último mês as receitas aumentaram “mais do que 400% comparando com Junho do ano passado” – ano que teve uma quebra de 75% –, compensando “parte do que foi perdido”, disse ao Guardian o ministro do Turismo grego, Haris Theoharis.
“Apesar de os hotéis e os locais destinados às famílias estarem a implementar as medidas de forma diligente, há uma maior afluência nos bares do que gostaríamos, especialmente entre os mais novos”, explicou Theoharis.
Na quinta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças incluiu 13 ilhas do Sul da Grécia na sua lista vermelha, entre elas Míconos, Santorini e Rodes. Com apenas cinco milhões de pessoas vacinadas, as taxas de infecção dispararam na faixa etária entre os 20 e 30 anos.