Até sempre, Amigo Otelo!
Hoje, não teremos o Portugal com que cada um de nós sonhou, mas temos o Portugal que os portugueses têm sido capazes de construir. Em Liberdade e em Democracia.
O Otelo partiu. Será, no entanto, eterna a memória que a História de Portugal dele registará. Lamento a perda para o País de um homem como ele, lamento a perda de um amigo. São muitas as histórias que nos ligam. Lembro-me sobretudo da incerteza partilhada durante a Conspiração e, mais ainda, da alegria das nossas vitórias.
Longe de termos estado constantemente de acordo, acabámos sempre por nos unir em torno do que tínhamos em comum, da História que construímos juntos, do sucesso que alcançámos na epopeia colectiva que foi o 25 de Abril. Em meados de Novembro de 1975, chegámos a chorar os dois em pleno COPCON, quando, no meio de uma discussão, nos apercebemos que cada um de nós estava de um lado da barreira, defendendo caminhos diferentes para atingir os nossos ideais – que esses, sim, continuavam comuns. Nesse dia, soubemos que teríamos sempre mais a unir-nos do que a separar-nos.
Depois, com mais ou menos concordâncias, não nos alheámos e continuámos a luta pela consolidação dos ideais de Abril. Hoje, não teremos o Portugal com que cada um de nós sonhou, mas temos o Portugal que os portugueses têm sido capazes de construir. Em Liberdade e em Democracia.
No início do próximo ano, os dias de Democracia em Portugal ultrapassarão o tempo que vivemos em Ditadura. O Otelo já não viverá esse marco na História, mas deixa nela o seu contributo fundamental – e, mesmo que controverso, sempre honesto.
Um abração de Abril, Amigo Otelo. Até sempre!