Polícia detém o sétimo pré-candidato às eleições na Nicarágua

O Presidente Daniel Ortega tem liderado uma autêntica purga contra a oposição nicaraguense para garantir a reeleição em Novembro. São já 28 os opositores presos no país nos últimos meses.

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Vendedora exibe roupa com a imagem de Daniel Ortega (à direita) estampada EPA/Jorge Torres

Foi detido o sétimo pré-candidato às eleições presidenciais na Nicarágua e são cada vez menos os obstáculos para que Daniel Ortega permaneça no poder, perante uma oposição cada vez mais enfraquecida.

No sábado foram detidos o político Noel Viadurre, pré-candidato às eleições de Novembro, e o jornalista e comentador político Jaime Arellano. Ambos permanecem em prisão domiciliária e foram detidos ao abrigo de uma lei de segurança nacional recentemente aprovada que tem dado respaldo jurídico a inúmeras detenções de adversários políticos de Ortega nos últimos meses.

Viadurre e Arellano foram acusados de “prejudicarem a soberania” do país, afirmou a Polícia Nacional, de acordo com a AFP. O jornalista disse ter sido interrogado durante uma hora a propósito dos seus comentários na rádio e na televisão onde criticou algumas posições de Ortega. “Eles não gostaram porque eu disse que não é adequado que o Presidente diga duas vezes que ‘um povo armado jamais será esmagado’”, afirmou Arellano, citado pelo jornal La Prensa.

A ofensiva de Ortega contra a generalidade da oposição política na Nicarágua já se salda em 28 detenções, sete deles pré-candidatos às eleições presidenciais, incluindo Cristiana Chamorro, um dos principais nomes da oposição, o ex-embaixador Arturo Cruz e o académico Félix Maradiaga.

A perseguição do regime não tem poupado sequer antigas figuras de proa do movimento sandinista, como Dora Téllez ou Hugo Torres, que lutaram ao lado de Ortega para derrubar a ditadura de Anastasio Somoza. As críticas dos dois históricos sandinistas ao actual Presidente e à sua deriva autocrática tornaram-nos inimigos do regime e foram ambos detidos no mês passado.

Ortega está no poder desde 2007 – antes disso tinha sido chefe de Estado entre 1979 e 1990 – e pretende manter-se na presidência ao lado da sua mulher Rosario Murillo, que é vice-presidente desde 2016. Nos últimos anos, Ortega tem mostrado um perfil cada vez mais autoritário e intolerante a qualquer demonstração de crítica.

A viragem ficou completa em 2018, um ano de muitos protestos na Nicarágua que abalaram o regime, inicialmente liderados por estudantes universitários, mas que rapidamente contaram com a adesão de grande parte da sociedade. A repressão das manifestações foi muito dura e mais de 200 pessoas morreram em confrontos com a polícia, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ortega acusou potências estrangeiras, nomeadamente os EUA, de incentivarem as manifestações e, desde então, tem deixado muito pouca margem de manobra à oposição

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