Édouard Louis : “Não há nada mais revolucionário do que a verdade”
Foi o teatro a salvar Édouard Louis e foi no Festival de Almada que o encontrámos. Conversa com um dos mais estimulantes escritores europeus contemporâneos, em combate contra a homofobia e a sentença classista.
Cruzámos caminhos com Édouard Louis no Teatro Municipal Joaquim Benite, durante a rápida passagem do escritor francês pelo Festival de Almada, ocasião em que dois textos seus (Quem Matou o Meu Pai, em encenação de Ivo van Hove, e História da Violência, dirigido por Ivica Buljan) foram levados a palco. E assim, um dos mais estimulantes jovens romancistas europeus, tornava-se figura de absoluto destaque da 38.ª edição do festival, sublinhando o quanto os livros crus, directos, inquiridores e perturbadores de Édouard Louis foram acolhidos pelo meio teatral, consagrando-o como um dos seus. A passagem não seria mais prolongada porque, dias depois, se apresentaria na Bienal de Veneza, subindo ao palco como protagonista da versão que trabalhou com o alemão Thomas Ostermeier de Quem Matou o Meu Pai. Nessa mesma noite em que o encontrámos, em Almada, assistiria ainda ao espectáculo montado por Buljan. Mas estaria na sala apenas o suficiente para demonstrar o seu respeito pelo trabalho do encenador e dos actores. História da Violência narra um episódio a que não quer voltar – descreve a noite de Natal em que, depois de um encontro fortuito com um desconhecido na rua, os dois sobem ao apartamento do escritor para passarem a noite juntos, mas a situação acaba por descambar em violência e o agressor viola e quase mata Édouard.
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