Calçada portuguesa já faz parte do Património Cultural Imaterial do país

A “arte e saber-fazer da calçada portuguesa” foi inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, quatro meses depois de aberto o processo de candidatura.

Fotogaleria
Praça dos Restauradores, Lisboa Daniel Rocha
Fotogaleria
Praça D. Pedro IV, Lisboa Daniel Rocha
Calçada
Fotogaleria
Avenida da Liberdade, Lisboa Daniel Rocha
diario-republica,unesco,camara-lisboa,fugas,patrimonio,lisboa,
Fotogaleria
Avenida da Liberdade, Lisboa Daniel Rocha
Fotogaleria
Praça dos Restauradores, Lisboa Daniel Rocha
Fotogaleria
Lisboa Daniel Rocha
Fotogaleria
Em 2020, existiam apenas 11 calceteiros na autarquia de Lisboa Adriano Miranda
diario-republica,unesco,camara-lisboa,fugas,patrimonio,lisboa,
Fotogaleria
Aveiro Adriano Miranda
diario-republica,unesco,camara-lisboa,fugas,patrimonio,lisboa,
Fotogaleria
Aveiro Adriano Miranda
diario-republica,unesco,camara-lisboa,fugas,patrimonio,lisboa,
Fotogaleria
Aveiro Adriano Miranda

Sob proposta da Associação da Calçada Portuguesa, o processo foi aberto a 9 de Março deste ano e, dez dias depois, era apresentada a candidatura de inscrição da “arte e saber-fazer da calçada portuguesa” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Quatro meses depois a proposta foi aceite, segundo o anúncio publicado esta quinta-feira em Diário da República.

Entre as principais ameaças à preservação deste tipo de pavimento, identificadas pela Associação da Calçada Portuguesa, estão a diminuição no número de mestres calceteiros, a falta de manutenção e a má construção, a forte concorrência de outro tipo de pavimentos e o declínio das indústrias de extracção e de transformação da pedra.

A título de exemplo, António Prôa, secretário-geral da associação, apontava em Março a diminuição drástica do número de calceteiros: em 1927 existiam na cidade de Lisboa cerca de 400 calceteiros, enquanto em 2020 esse número era de apenas 18, sendo que só 11 estavam no activo. O fraco reconhecimento social e remuneratório da profissão foi apontado como a principal justificação.

O também deputado municipal de Lisboa admitiu, na altura, que o objectivo final será, a curto prazo, apresentar na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) uma candidatura da calçada portuguesa a Património Cultural Imaterial da Humanidade, à semelhança daquilo que sucedeu com o fado.

“A arte de calcetar é milenar, mas a produção de calçada portuguesa inicia-se como uma técnica específica na primeira metade do século XIX, em Lisboa, onde se desenvolve e ganha expressão em quantidade e qualidade extraordinárias, expandindo-se por todo o país e por vários continentes, como um traço indiscutivelmente marcante da matriz não só lisboeta como nacional”, pode ler-se na ficha de património imaterial.

O mesmo texto realça que esta arte, “caracterizada pelo carácter pré-industrial, pela beleza estética, durabilidade, sustentabilidade económica e ecológica”, tem ainda uma dimensão social: “os calceteiros, os extractores da pedra e os peões que nela pisam, tantas vezes sem a ver condignamente”.