Esqueçam de vez o elefante e habituem-se às diferenças
Hoje, como há dez, trinta ou cinquenta anos, o português continua a ter duas variantes claras: a portuguesa e a brasileira. O acordo não alterou isso, só alterou cada uma das variantes.
O elefante estava muito sossegadinho a um canto, na sua perene inutilidade, até que alguém o chamou. E ele lá veio, arrastando o seu peso, sem saber a que propósito se lembraram da sua existência. Sim, porque na festa ninguém reparou. Ao chegar aos 25 anos, idade para ter juízo, o quarteto de consoantes que lemos como cêpêélepê mantém muitos devaneios (como a crença de que Obiang virá algum dia a ser democrata), mas já se entretém com coisas mais adultas como a livre circulação ou até os negócios, sejam eles promitentes ou duvidosos. Agora a língua, que na declaração de Luanda se reveste das pomposidades habituais (a palavra “língua” é repetida 25 vezes, seja para recomendar vacuidades como a “ampliação da [sua] difusão internacional” ou reiterar o sonho de a ver como “oficial” na ONU), já se desembaraçara – na retórica, mais ainda não nos nefastos efeitos – do elefante. Para quê, então, trazê-lo à baila?
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