Sem publicidade, influencers ou likes: ex-funcionários do WhatsApp criaram nova rede social
A HalloApp é uma rede social sem anúncios, influencers ou likes. O objectivo é incluir, no futuro, conteúdo premium para compensar a receita publicitária.
Uma aplicação sem influencers, sem anúncios e sem “gostos” — é a proposta da HalloApp, uma rede social criada por dois antigos trabalhadores do WhatsApp que querem corrigir os problemas com as comunicações online. Está disponível para os utilizadores Android e iOS desde segunda-feira e, apesar de não ter qualquer publicidade, é grátis: por enquanto, está a ser financiada pelo dinheiro de investidores que acreditam no projecto.
A missão da equipa, que começou a disponibilizar a app em Novembro para utilizadores convidados, é simplificar as redes sociais e transformá-las num espaço mais privado. “Imaginem que os ‘amigos’ eram ‘amigos de verdade'”, lê-se no site da HalloApp.
“Algures pelo caminho, as redes sociais deram muito para o torto. O que postamos raramente [reflecte] quem somos; o que vemos não é de pessoas que conhecemos; o que falamos online não é aquilo que falamos em privado”, justifica um dos fundadores, Neeraj Arora, numa publicação do Twitter.
Arora, que liderou a área de negócios do WhatsApp até 2018, compara as redes sociais mais utilizadas a “cigarros do século XXI” e “centros comerciais” cheios de “notificações vermelhas a piscar” a competir para a atenção dos utilizadores.
A proposta com o HalloApp é limitar os contactos às pessoas com quem se tem relações próximas e acabar com os anúncios. Não há possibilidade de pagar à rede social para mostrar determinado conteúdo a mais pessoas como acontece no Instagram e no Facebook.
Pagar por “extras"
Sem anúncios, porém, a HalloApp precisa de encontrar outras formas de fazer dinheiro. A publicidade é a maior fonte de receita para muitas plataformas online — no caso do Facebook, por exemplo, cerca de 98% da receita em 2020 veio da publicidade.
“Nunca mostraremos anúncios. Em vez disso, planeamos eventualmente oferecer funcionalidades adicionais a um custo reduzido”, admite Arora numa página no site da HalloApp.
Ainda não foram avançados mais detalhes.
Para já, a app limita-se a quatro separadores: um para as definições, outro para partilhar novidades com todos os amigos, outro para grupos privados (por exemplo, amigos de infância, colegas de casa e colegas de trabalho) e mais um para conversas. As publicações aparecem na ordem em que são escritas porque não há algoritmos a determinar qual o conteúdo mais relevante para cada utilizador.
Todas as conversas são protegidas com encriptação de “ponta a ponta”, um recurso de segurança que protege os dados dos utilizadores durante uma troca de mensagens. Ou seja, o conteúdo só pode ser lido pelos dois extremos da comunicação: o remetente e o destinatário. Isto deve impedir intrusos ao tema da conversa (por exemplo, os fornecedores de Internet) de ler quaisquer mensagens.
Como qualquer rede social nova, o maior desafio da HalloApp vai ser atrair novos utilizadores quando já existem tantas outras opções completamente gratuitas disponíveis.