Portugal espera regresso das populações a Palma e Mocímboa até final do ano
O ministro da Defesa Nacional português destacou a importância da ajuda portuguesa e da missão em preparação pela UE e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral para restaurar a paz no Norte de Moçambique.
O ministro da Defesa Nacional português disse esta quarta-feira à Lusa que espera que as populações de Palma e Mocímboa da Praia, no Norte de Moçambique, alvo de ataques terroristas, possam regressar às suas casas até ao final do ano.
“Creio que, quer seja através do apoio de forças formadas através da cooperação portuguesa, quer seja através do apoio do Ruanda, em breve será possível deslocar os grupos terroristas das bases onde estão instalados, incluindo em Palma e Mocímboa da Praia, que são cidades importantes que importa retomar, e acredito que isso acontecerá nos próximos meses”, disse João Gomes Cravinho, em declarações à Lusa no final da sua audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional.
Na comissão, o ministro disse que espera que o regresso destas populações seja possível “até ao final do ano” e destacou a importância da ajuda portuguesa e da missão em preparação pela União Europeia e pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para restaurar a paz no Norte de Moçambique.
A nível bilateral, Portugal enviou 60 militares para ajudar na formação de tropas moçambicanas no âmbito do combate ao terrorismo, e Gomes Cravinho sublinhou que os militares nacionais estão em duas localidades longe de Cabo Delgado e que não participarão no “exercício da soberania”, ou seja, em combates, limitando-se à formação de cerca de 100 militares moçambicanos.
Na semana passada, a União Europeia aprovou o lançamento de uma missão de formação militar em Moçambique que visa “treinar e apoiar as Forças Armadas Moçambicanas” no “restabelecimento da segurança” em Cabo Delgado, que será liderada pelo brigadeiro-general português Nuno Lemos Pires.
Portugal está em conversações com o Brasil para integrar esta missão da UE, à semelhança do que já aconteceu na República Centro-Africana, disse o ministro no Parlamento.
Já a SADC aprovou numa cimeira extraordinária, no final de Junho, o envio de forças para o Norte de Moçambique e uma missão avançada deveria ter chegado esta semana ao país, o que não aconteceu.
Além destas forças, chegou a Moçambique, no passado dia 9, um primeiro contingente de tropas ruandesas, que também prestarão apoio, no âmbito de um acordo bilateral, mas esta presença tem sido contestada pela oposição, que critica o facto de o Governo não ter informado o Parlamento.
Grupos armados jihadistas aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017. Há mais de 2800 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 732 mil deslocados, de acordo com as Nações Unidas.