Biden e Merkel prometem união contra a “agressão” russa mas discordam no gasoduto Nord Stream 2

“Os bons amigos podem discordar”, disse o Presidente dos Estados Unidos após o encontro com a chanceler da Alemanha. Os dois líderes concordaram que a Rússia não deve ser autorizada a utilizar a energia como arma.

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Joe Biden recebeu Angela Merkel na Casa Branca Reuters/Guido Bergmann/Bundesregierung

Unidos contra a ameaça da Rússia, em desacordo quanto ao gasoduto Nord Stream 2. Joe Biden e Angela Merkel encontraram-se em Washington para discussões bilaterais e o Presidente dos Estados Unidos e a chanceler da Alemanha prometeram trabalhar em conjunto para contrariar a “agressão”.

“Os bons amigos podem discordar”, disse Biden após um encontro em que o Presidente norte-americano expressou a sua preocupação quanto ao gasoduto que enviaria gás do Árctico para a Alemanha através do Mar Báltico, contornando a Ucrânia. A chanceler alemã reiterou que a Ucrânia deve continuar a ser um “país de trânsito” para o gás russo e salientou que o gasoduto era um complemento, e não um substituto, dos gasodutos da Ucrânia. Ambos os líderes concordaram que a Rússia não deve ser autorizada a utilizar a energia como arma.

"O Nord Stream 2 é um projecto adicional e certamente não um projecto para substituir qualquer trânsito através da Ucrânia. Qualquer outra coisa iria obviamente criar muita tensão”, disse Merkel, numa conferência de imprensa conjunta com Joe Biden.

Os Estados Unidos há muito que argumentam que o Nord Stream 2, propriedade da petrolífera russa Gazprom e que conta com o investimento de várias empresas europeias, ameaçará a segurança energética europeia, ao aumentar a dependência do continente do gás russo e ao permitir que a Rússia exerça pressão política sobre nações vulneráveis da Europa Central e Oriental, particularmente a Ucrânia, mas Biden renunciou recentemente a sanções contra entidades alemãs envolvidas no projecto para dar tempo de alcançar um acordo e reconstruir os laços com a Alemanha, muito desgastados durante a Administração de Donald Trump. 

Em resposta às críticas de que o gasoduto aumentará a dependência da Europa em energia face à Rússia, o Kremlin acusou Washington de tentar sabotar o projecto, com o objectivo de forçar os consumidores europeus a comprarem gás natural liquefeito dos Estados Unidos, em vez do gás natural russo, mais barato.