“A direita não tem soluções” para a estabilidade que o Governo procura, diz Duarte Cordeiro
Na abertura das jornadas do PS, que decorrem até sexta-feira, em Caminha, Duarte Cordeiro notou que a resposta à crise pandémica poderia ter tido outras consequências sem algumas “conquistas”. José Luís Carneiro saiu em defesa de Azeredo Lopes e Eduardo Cabrita.
Se a direita olha para a sociedade “assente nos valores do individualismo e da competição”, a esquerda procura “reforçar a cooperação, em vez de acentuar a competição”. E foi por isso que, disse Duarte Cordeiro na tarde desta quinta-feira, a esquerda respondeu “à crise com maior protecção social e com um reforço dos serviços públicos”.
Em Caminha, onde decorrem as jornadas parlamentares do PS, que terminam sexta-feira, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares frisou que a resposta à actual crise “teria tido consequências ainda mais nefastas e violentas” sem “as conquistas” obtidas “nos primeiros cinco anos deste ciclo político”. Duarte Cordeiro referia-se à “estratégia de recuperação económica”, ao “aumento dos rendimentos e dos níveis de emprego”, ao “reforço da protecção social” e ao “investimento no SNS [Serviço Nacional de Saúde]”.
Por outro lado, em jeito de comparação, a forma como a direita olhou para a crise financeira que abalou a zona euro em 2010 gerou “empobrecimento, exclusão e desprotecção social”. “A direita ficou presa às suas respostas à crise do passado, apesar das consequências para o nosso país. E pior: tem permitido que cresça uma agenda que aposta na divisão, no confronto entre portugueses e na xenofobia”, criticou. Assim, o Governo, assegurou, continuará a procurar “a estabilidade as boas políticas que o país precisa para prosseguir este combate à pandemia” à esquerda, uma vez que “a direita não tem soluções” para o presente e para o futuro.
Duarte Cordeiro apontou ainda que o grupo parlamentar faz um “balanço positivo” da execução do primeiro semestre do Orçamento do Estado para 2021, “com a grande maioria das medidas executadas e em execução”, o que permite ao PS acreditar na concretização dos “compromissos” feitos “ao longo do ano”. Para além disso, o partido também tem “as condições para iniciar o diálogo e a negociação relativamente ao Orçamento do Estado para 2022”, afirmou.
“Azeredo Lopes foi vítima de julgamento em praça pública”
As críticas à direita também pautaram a intervenção do secretário-geral adjunto do PS. Para José Luís Carneiro, o PSD tem adoptado um “radicalismo defensivo” e um discurso populista e demagógico — principalmente por usar o caso de Tancos em campanha eleitoral. Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa arguido no processo de encobrimento na recuperação das armas furtadas do paiol de Tancos, “foi vítima de um julgamento na praça pública, com danos pessoais e políticos graves e irreparáveis”. Essa situação, afirmou, está a repetir-se com Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, depois do acidente na A6 que vitimou um trabalhador. “Mas não tenhamos dúvidas: o alvo é o PS, o primeiro-ministro, António Costa, e o Governo”, salientou.
“A direita antes civilizada recorre agora a métodos e argumentos tremendistas dos populistas”, cujo único objectivo é “dizer mal do PS e o Governo”, insistiu. O “radicalismo defensivo” do PSD contribui, defendeu, para “diluir o grande espaço político de diálogo entre o centro-direita e o centro-esquerda” — tanto “pela superficialidade das posições políticas em modo tweet, “quer pelo radicalismo da linguagem” utilizada. Além disso, notou, situações como as críticas do PSD à escolha do procurador europeu poderiam pôr “em causa o prestígio da presidência portuguesa da União Europeia”.
O secretário-geral adjunto do PS referiu ainda que a direita trabalha já “numa alternativa” a Rui Rio, depois de o presidente do PSD ter dito que o partido, “afinal, não é de direita”. “Ficaram, pois, deslocadas as direitas”, ironizou. “Só falta saber se o Dom Sebastião virá de Bruxelas ou se virá de Massamá”, disse, aludindo a Paulo Rangel e a Pedro Passos Coelho.