Groundforce considera “inaceitáveis” condições da TAP para pagar subsídio de férias
Empresa apela à companhia aérea que pague os serviços já prestados, de modo a permitir o pagamento do subsídio de férias aos trabalhadores da Groundforce.
A Groundforce considerou nesta quarta-feira “inaceitáveis” as condições do adiantamento sugerido pela TAP, para o pagamento do subsídio de férias, e apelou à companhia aérea para que pague os serviços já prestados.
“A SPdH [Groundforce] respondeu ontem [terça-feira], numa carta escrita com a autoridade de quem, nos últimos dois meses, adoptou uma postura construtiva, com a reserva que o processo de venda em curso exige e sem contribuir para o ruído mediático, que tanto prejudicou a empresa e os seus trabalhadores. E respondeu, explicando que os termos e as condições nos quais assenta o adiantamento proposto pela TAP são inaceitáveis”, refere a empresa de serviços de assistência em aeroportos (handling) num comunicado divulgado nesta quarta-feira.
Em causa está a proposta da TAP para assegurar, a título de adiantamento de pagamento, o subsídio de férias dos trabalhadores da Groundforce. A empresa de handling diz que não quer adiantamentos da TAP, mas que a companhia aérea “pague os serviços já prestados”.
“A 30 de Junho de 2021, a TAP devia à SPdH a quantia global de 7.196.431 euros, sendo que 3.048.349 euros se encontram vencidos”, apontou a Groundforce.
Segundo a empresa liderada por Alfredo Casimiro, se os serviços já tivessem sido pagos, a Groundforce “teria tido condições para honrar os seus compromissos com as Finanças e com a Segurança Social, que vencem a 20 de Julho, bem como com os trabalhadores, pagando os salários deste mês e os subsídios de férias”.
“A proposta [da TAP], aparentemente bem-intencionada, foi de imediato partilhada com a comunicação social, não deixando grandes dúvidas sobre as suas reais intenções a dois dias de começar a ser julgado o processo de insolvência movido precisamente pela TAP”, referiu a Groundforce, que disse estranhar “o calendário da proposta”, por lhe parecer que o objectivo da TAP é “posicionar-se no processo de insolvência, antes da audiência de produção de prova”.
A empresa de handling considera que se trata de um “estratagema jurídico de última hora” por parte da TAP, “consciente de que não possui qualquer crédito sobre a Groundforce” e, assim, propondo-se ser “sub-rogada em créditos de trabalhadores para poder dizer que, afinal, é credora privilegiada”.
A Groundforce lembra que a operação deste Verão permitiu não só manter os 2400 postos de trabalho, como justificou a contratação de mais 128 profissionais, tendo também conseguido pagar, esta semana, o valor em falta relativo aos salários de Junho, “mesmo não tendo beneficiado de qualquer empréstimo a que por lei tem direito para mitigar o impacto da covid-19”.
“Honrar os compromissos de Julho está, agora, nas mãos da TAP, não por via de adiantamentos, mas sim do pagamento dos serviços já prestados, aos quais corresponde uma dívida comercial”, realçou a empresa.
Em comunicado enviado na segunda-feira, a TAP referiu que a proposta efectuada à Groundforce contempla a realização de um novo adiantamento “por conta de serviços prestados e a prestar” com o objectivo de viabilizar o pagamento daquele subsídio, evitando que “se precipite um cenário de disrupção numa altura crítica para os clientes”.
“A TAP disponibilizará de forma imediata e a título excepcional fundos a título de adiantamento do pagamento de serviços prestados ou a prestar pela SPdH (Groundforce) à TAP”, refere o comunicado, com a TAP a sublinhar que, no âmbito deste acordo, a Groundforce “apenas poderá utilizar este montante para o pagamento do subsídio de férias dos seus trabalhadores, assim como os montantes inerentes a IRS e Segurança Social das remunerações”.
Além de pretender evitar um cenário de disrupção operacional nesta altura de Verão e em que o movimento de passageiros já regista algum acréscimo, esta solução permitirá também, salienta a TAP, contribuir “para a estabilidade socioeconómica dos trabalhadores da Groundforce”.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português.