Talisca e os 400 mil euros para uma conta no Brasil
Empresa Arb.Sport de Bruno de Macedo foi a destinatária da transferência da SAD “encarnada”.
A Vespasiano – Investimentos Imobiliários é apenas uma das empresas que a família Macedo mantém no Brasil, a que se juntam a Arb.Br – Investimentos Imobiliários Ltda e a Arb.Sport – Gestão e investimento Ltda. Esta última sociedade esteve envolvida na transferência do jogador Anderson Talisca do Bahia para o Benfica, em Julho de 2014, de acordo com uma investigação do PÚBLICO.
Um negócio de 4,75 milhões de euros, onde terão sido pagos 750 mil euros em comissões. O empresário do jogador era o agente brasileiro Carlos Leite, mas acabou por ser transferida pela Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica uma verba de 400 mil euros para a Arb.Sport de Bruno de Macedo e Vespasiano de Macedo, pai do advogado constituído arguido na sequência da Operação Cartão Vermelho. Uma transferência que só viria a ser feita já no início de 2015.
Esta comissão não vem discriminada nos relatórios e contas da SAD “encarnada”. No exercício de 2014-15, é referida a aquisição da totalidade dos direitos desportivos e económicos do jogador pelo valor atrás referido, que englobava “a aquisição dos referidos direitos e os encargos com serviços de intermediação”, sem que os mesmos tivessem sido destrinçados.
A transferência de Talisca do Bahia para o Benfica foi também alvo de uma recente investigação da justiça, depois de uma denúncia anónima de 2018 que envolvia António Salvador, presidente do Sp. Braga, como o destinatário final da comissão de 400 mil euros. Algo que foi prontamente negado pelo empresário minhoto, através de um comunicado do clube.
“O Braga ou o seu presidente, António Salvador, não foram notificados de nada e não têm absolutamente nenhuma relação (directa ou indirecta) com a transferência do jogador Talisca”, garantia-se.
Em Janeiro de 2019, o jogador brasileiro seria transferido para os chineses do Guangzhou Evergrande, a troco de 19,2 milhões de euros. Nas contas relativas ao primeiro semestre de 2019-20, a SAD do Benfica revela que esta operação gerou um lucro de 11,043 milhões de euros, “após a dedução do montante de 8,157 milhões de euros”, em que se incluíam “os gastos com o serviço de intermediação”, “os compromissos com terceiros” e “o valor líquido contabilístico do direito do atleta à data da alienação”.
Mais uma vez, não são identificados o(s) intermediário(s) envolvidos na operação.