A debutante que pensou ser a “divina” Callas

Monocórdica, a actriz ficou terrivelmente aquém da excepcional cantora de ópera que foi também a grande tragédienne da segunda metade do século XX. Um acto falhado do Festival de Almada.

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A aura de Maria Callas ultrapassa em muito os campos operático e melómano, tendo-se transformado mesmo numa iconologia contemporânea. Não surpreende assim que sobre ela tenham surgido abordagens de outros campos – dois horrores, um vídeo de Francesco Vezzoli e uma peça musical, ou antes audiovisual, de Rufus Wainwright, por cá apresentados, respectivamente, em Serralves e na Gulbenkian; vários telefilmes, invariavelmente centrados no famoso cruzeiro no iate Cristina que a cantora fez a convite de Aristoteles Onassis, quando se apaixonou pelo armador grego; o horrível filme de Franco Zeffirelli; ou Master Classs, peça de Terrence McNally a partir das gravações dos cursos da “divina” que tem sido bastante representada. Em Portugal, Filipe La Féria encenou-a com Rita Ribeiro, chamando-lhe de modo mais simples e apelativo Maria Callas. McNally é de resto também autor de outra peça, The Lisbon Traviata, em que a edição discográfica de um registo da celebérrima apresentação da cantora em São Carlos é apenas pretexto para uma discussão entre gays fanáticos de ópera; Carlos Avilez encenou-a.

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