Milhares em manifestação nas ruas de Cuba contra o Governo
Na manifestação ouviram-se palavras de ordem como “Pátria e vida”, o título de uma canção polémica, “Abaixo a ditadura” e “Nós não temos medo”. Os manifestantes, na sua maioria jovens, desfilaram nas ruas de San Antonio de los Baños, uma cidade com cerca de 50 mil habitantes situada a 35 quilómetros da capital cubana.
Milhares de cubanos manifestaram-se este domingo contra o Governo, algo inédito, nas ruas de duas pequenas cidades, uma a sudoeste de Havana e outra perto de Santiago de Cuba, como demonstram vários vídeos divulgados online. Os manifestantes saíram à rua para pedir o fim da ditadura de décadas e exigir alimentos e vacinas, já que a escassez de alimentos básicos se tornou comum e os casos de covid-19 dispararam nas últimas semanas.
Along #Havana’s #malecon people #protest then conflict breaks out. The person filming says the crowd turns against #police officers. @WPLGLocal10 #SOSCuba #Cuba https://t.co/yohNXH3miB
— Hatzel Vela (@HatzelVelaWPLG) July 11, 2021
De acordo com a Agência France Presse, gritando palavras de ordem como “Pátria e vida”, o título de uma canção polémica, “Abaixo a ditadura” e “Nós não temos medo”, os manifestantes, na sua maioria jovens, desfilaram nas ruas de San Antonio de los Baños, uma cidade com cerca de 50 mil habitantes situada a 35 quilómetros da capital cubana.
A agência espanhola EFE dá conta também de uma manifestação em Palma Soriano, na outra ponta do país, uma cidade perto de Santiago de Cuba, na qual participaram centenas de pessoas e onde se ouviu palavras de ordem como “chega de mentiras”, “unidade” e “queremos ajuda”.
Segundo a EFE, que cita testemunhas no local, houve violência policial nas duas manifestações, que foram transmitidas em directo em várias contas no Facebook.
Los ciudadanos vuelcan una patrulla en Matanzas, al grito de LIBERTAD. Hay tanta gente en las calles que la dictadura no puede hacer mucho. #SOSCuba ???? pic.twitter.com/ORGGFf3pwS
— Agustin Antonetti (@agusantonetti) July 11, 2021
Habitantes de San Antonio de los Baños contaram a repórteres da EFEque, durante o protesto, a polícia reprimiu violentamente e deteve alguns dos manifestantes. Houve mesmo algumas detenções.
No final da tarde, o presidente e chefe do Partido Comunista, Miguel Diaz-Canel, falava à nação, dizendo que os Estados Unidos eram os responsáveis pelos distúrbios. Jipes das forças especiais, com metralhadoras montadas nas costas, estiveram em Havana e Diaz-Canel convocou os seus apoiantes a enfrentarem as “provocações”, apelando a que defendessem o governo com as próprias vidas.
Estes foram os maiores protestos antigoverno de que há registo na ilha desde o chamado “maleconazo”, quando em Agosto de 1994, em pleno “período especial”, centenas de pessoas saíram às ruas de Havana e não se retiraram até à chegada do então líder cubano Fidel Castro.
Desde o início da pandemia da covid-19, em Março de 2020, os cubanos enfrentam maior escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, o que gerou um forte mal-estar social.
Estas manifestações aconteceram no dia em que Cuba registou um novo recorde diário de contágios e mortos devido à covid-19, com 6923 novos casos nas últimas 24 horas, num total de 238.491, e 47 mortos, subindo o total desde o início da pandemia para 1537.