O interrogatório de Luís Filipe Vieira está na recta final: o advogado do presidente do Benfica, Magalhães e Silva, fez um balanço do interrogatório ao início da tarde deste sábado, mostrando-se convicto de que as explicações dadas foram suficientes para clarificar as suspeitas do Ministério Público.

“É a minha convicção que sim [Luís Filipe Vieira conseguiu defender-se]. As explicações que Luís Filipe Vieira deu, no meu entendimento, ilibam-no integralmente”, afirmou o advogado do empresário aos jornalistas.

Em comunicado, o Conselho Superior de Magistratura informa que o juiz Carlos Alexandre suspendeu o interrogatório pelas 14h11 e que a sessão será retomada pelas 15h15. 

Os quatro detidos aguardam, agora, a deliberação quanto às medidas de coacção aplicadas. Magalhães e Silva adianta que estas serão conhecidas já este sábado, considerando que a suspensão de funções de Vieira na presidência do Benfica – substituído por Rui Costa – será suficiente para eliminar o perigo de continuação de actividade criminosa, um dos pressupostos invocados na defesa da prisão preventiva. 

“Convicção nas medidas de coacção? Não gosto de antecipar convicções: como em termos de decisão já vi de tudo, não gosto de cavalgar numa convicção”, afirmou Magalhães e Silva.

O advogado disse que a promoção do Ministério Público quanto às medidas de coacção estava marcada para as 15h30. Os defensores podem depois pronunciar-se quanto às declarações do procurador Rosário Teixeira. No seguimento de um intervalo, serão conhecidas as medidas de coacção.

Magalhães e Silva admitiu que Vieira ainda não foi informado das mais recentes novidades na direcção do Benfica, recusando comentar o discurso de Rui Costa, presidente interino, desta sexta-feira – onde Luís Filipe Vieira, presidente do clube há 17 anos, não foi mencionado. 

Vieira foi interrogado durante a manhã deste sábado durante cinco horas – das 9h15 até às 14h15. É suspeito de ter montado um esquema financeiro para retirar dinheiro do clube, usando estas verbas para “benefício pessoal”.

Nos mandados, o Ministério Público descreve vários esquemas de fraude que terão causado prejuízo não só à SAD benfiquista, como ao Novo Banco e ao Estado português, quer através de impostos não cobrados, quer através de injecções de capitais públicos no Novo Banco e de financiamento ao Fundo de Resolução.

Vieira será também responsável pelo aumento indevido das comissões inerentes à venda de jogadores, que depois reverteriam para as empresas do universo de Luís Filipe Vieira, para onde terão sido desviados quase 2,5 milhões de euros.