Inglaterra procura fazer história, a Itália contrariá-la

Mais de meio século depois de vencer o Mundial 66 em Londres, os ingleses têm nova oportunidade de ganhar um grande título em Wembley. Os italianos procuram a segunda vitória num Europeu, após duas finais perdidas.

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Reuters/HENRY NICHOLLS

O Europeu da pandemia e do “formato injusto”, palavras do presidente da UEFA Aleksander Ceferin, termina esta noite em Wembley (20h00, RTP1), num duelo onde a Inglaterra tentará fazer história – nunca ganhou a competição -, e a Itália terá que contrariar o seu passado – a “squadra azzurra” perdeu as últimas duas finais da prova que disputou. Com as duas equipas quase na máxima força – Phil Foden está em dúvida; Spinazzola está lesionado -, Gareth Southgate garantiu que os seus jogadores “estão prontos” para a final do Euro 2020, enquanto Roberto Mancini quer que a sua equipa se “divirta” em Wembley.

Há nove anos, em Kiev, a pressão estava quase toda do lado espanhol. Nunca nenhuma selecção tinha conquistado três títulos continentais consecutivos e a Espanha entrava em campo com vitórias nas últimas nove partidas em fases a eliminar sem sofrer qualquer golo. A Itália, no entanto, parecia ser o pior convidado para a anunciada festa espanhola: menosprezada no início da prova, a “squadra azzurra” foi capitalizando confiança ao longo do Euro 2012 e, após eliminar com mérito e autoridade a Alemanha, chegava à final confiante que seria possível ganhar o primeiro título europeu desde 1968.

Porém, mesmo estando a responsabilidade do outro lado, a Itália não evitou perder pela segunda vez a final de um Europeu e não impediu que se escrevesse uma página inédita no futebol: perante uma Itália incapaz, o domínio espanhol não deixou dúvidas a ninguém e, goleada por 4-0, a selecção transalpina iniciou aí um ciclo que, após um acto falhado (Mundial 2014), teve como epílogo um histórico fiasco numa qualificação para um Campeonato do Mundo (2018).

Desta vez, embora a Inglaterra de Gareth Southgate não tenha o currículo e a estipe da Espanha de 2012, a renascida Itália regressa à final de um Europeu de novo a chutar a pressão para o campo do rival, que terá a responsabilidade de disputar uma conquista no mesmo palco onde, há 55 anos, Gordan Banks, Jack Charlton, Bobby Moore, Geoff Hurst e Bobby Charlton garantiram ao futebol inglês o seu único grande título continental de selecções: o Mundial 66.

Embora com pontos altos (vitória inglesa contra a Alemanha; triunfo italiano frente à Bélgica), o trajecto de britânicos e transalpinos não impressionou. Após uma fase de grupos disputada em casa contra rivais de uma segunda-linha do futebol europeu, o que permitiu a Southgate e a Mancini gerirem o esforço dos seus jogadores para os jogos “a doer”, a Inglaterra exibiu na meia-final com a Dinamarca algumas fragilidades, enquanto a Itália, que foi inferior à Áustria em muitos momentos do jogo dos “oitavos”, mostrou uma face mais submissa contra a Espanha, colocando a partir de certo momento todas as fichas na “lotaria” do desempate por penáltis.

Ontem, na conferência de imprensa de antevisão da final, as perguntas para os seleccionadores centraram-se quase em exclusivo nas emoções que antecedem a partida que vai atribuir o título, relegando para segundo plano as estratégias que os treinadores prepararam. No entanto, Southgate admitiu que terá pela frente “um jogo diferente”, onde será importante “atingir o nível normal”: “Muitas equipas nas finais têm um rendimento inferior. Teremos de transferir o que fizemos nos treinos para a partida. Este jogo agora é um desafio táctico diferente e temos que nos preparar adequadamente para isso.”

Garantindo que os seus jogadores “estão prontos” e “habituados a estes grandes jogos”, Southgate disse não temer o duelo a meio-campo, onde Kalvin Phillips e Declan Rice vão ter um papel decisivo. “Jogadores como os nossos dois médios, já jogaram neste torneio contra o Modric e o Kroos. Tiveram que se adaptar a esse tipo de médios com experiencia europeia – e conseguiram-no.”

Para Mancini do outro lado “são todos bons, treinadores incluídos”, mas o técnico admitiu que terá algum cuidado com Raheem Sterling, que “melhorou muito” e “é rápido”. Porém, apesar de prever “uma partida muito difícil”, o italiano garante que a sua equipa vai pensar no seu jogo e desfrutar da final: “Depois, os rapazes vão de férias, mas no jogo podemos divertir-nos.”

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