Fernando Medina fora da corrida à liderança do PS até 2025
Presidente da Câmara de Lisboa anunciou esta semana a sua recandidatura. Ao Expresso, diz agora: “Cumprirei integralmente o mandato”.
Fernando Medina está convencido de que vai ser novamente eleito presidente da Câmara de Lisboa, com ou sem maioria absoluta — “Os eleitores é que vão decidir qual a expressão do resultado que teremos.” Em entrevista ao Expresso, deixa claro que pretende cumprir integralmente o mandato que os lisboetas lhe derem, colocando de parte uma eventual candidatura à liderança do PS até 2025.
“Recebendo de novo o privilégio de ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa — e é assim que o entendo, porque é mesmo um privilégio —, cumprirei integralmente o mandato”, disse Fernando Medina, depois de questionado pelos jornalistas sobre se concorre com vontade de ficar mais oito anos na câmara.
Perante uma questão ainda mais concreta, se será presidente da autarquia de Lisboa aconteça o que acontecer no PS, no Governo e no país, Medina responde: “Se ganhar a confiança dos lisboetas de novo, para poder executar o mandato a que me proponho, serei presidente da Câmara Municipal de Lisboa durante os quatro anos. Não há nenhuma circunstância política — não estou a falar de um problema de saúde grave, que espero que não aconteça —, não há nenhuma circunstância política que me fizesse não cumprir esse compromisso com os lisboetas.”
Sem o dizer, Fernando Medina coloca-se fora de quaisquer eleições no PS que aconteçam nos próximos quatro anos, pelo menos se implicarem com o seu mandato de quatro anos na autarquia. E se António Costa sair até 2023? Embora o primeiro-ministro nada diga sobre o assunto, Medina espera que isso não aconteça. “Espero, para o país e para o PS, que seja recandidato em 2023 e que ganhe de novo a confiança dos portugueses. António Costa mostrou não só ser um muito bom secretário-geral do PS como um excelente primeiro-ministro. Foi testado em circunstâncias que muito poucos foram testados (...). Gostaria mesmo que fosse candidato em 2023”, disse.
O autarca que sucedeu a Costa em Lisboa não acha que haja propriamente um tabu em relação ao futuro do seu antecessor. “Não acho estranho. António Costa é primeiro-ministro, estamos a meio do mandato, antecipar o debate porquê? (...) Nesta altura seria extemporâneo e perturbador daquilo que deve ser a concentração de todos, que é vencer a pandemia.”
Sem nunca o nomear, Medina deixa um recado a Pedro Nuno Santos que pode, no futuro, dar corpo a uma candidatura da ala esquerda do PS. “Em minha opinião, ganhamos força quando temos capacidade de construir pontes e unidade dentro do mesmo programa, sem alienar nunca um programa social-democrata, que assenta no reconhecimento da importância fundamental da economia de mercado e do investimento privado e da criação de emprego e de riqueza no país, mas também a criação de um Estado social forte, que assegure direitos sociais muito amplos para o conjunto dos cidadãos.”
Em cenário de ampla vitória, Medina promete continuar a conversar os partidos à esquerda. “Mesmo no caso de uma maioria absoluta, nunca deixarei de procurar e ter maior abrangência possível e diálogo possível (...). É evidente que se colocará com os partidos à esquerda, PCP e BE.” E anuncia — sem concretizar — um refrescamento na vereação para projectar um novo ciclo de governação na cidade. “A próxima equipa será renovada em áreas centrais, como urbanismo ou cultura”, já que a actual está em funções há pelo menos 12 anos.