Em vez da extinção, PSD quer o SEF como força de segurança (que não poderia fazer greve hoje)

Sociais-democratas propõem que o SEF passe de serviço a força de segurança, perdendo direitos como o da greve e impedindo-o de paralisar o tráfego nas fronteiras. Propostas do Governo, PSD, BE e Chega seguem para a especialidade sem irem a votos.

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Reestruturação do SFE está no Parlamento Miguel Manso

O Parlamento discute nesta sexta-feira o futuro do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF): enquanto o Governo o quer extinguir e distribuir as competências pela GNR, PJ e PSP, o PSD, por oposição, pretende reforçá-lo mudando a sua natureza de serviço de segurança para força de segurança. É isso que está no projecto de lei que os sociais-democratas levam ao plenário para discussão conjunta com propostas do Governo, do Bloco e do Chega.

No entanto, as decisões sobre a medida polémica serão atiradas para daqui a uns seis meses, já que os quatro diplomas irão baixar sem votação à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias durante pelo menos 60 dias, apurou o PÚBLICO junto dos partidos — não que o adiamento fosse preciso, já que o Bloco apoia a solução do Governo. Isso atira a discussão na especialidade, no mínimo, para Outubro e Dezembro, porque entretanto o Parlamento “mergulha” no Orçamento do Estado para 2022 durante um mês e meio.

A principal consequência desta proposta do PSD seria a perda de alguns direitos por parte dos elementos do SEF, que deixariam de poder fazer greve como a marcada para esta sexta-feira, que inclui protesto frente ao Parlamento , a par do que acontece na GNR e na PSP. Mas isso permitiria, ao mesmo tempo, evitar que uma greve do serviço levasse ao encerramento de fronteiras aeroportuárias ou marítimas algo que actualmente está ao alcance dos sindicatos do pessoal do SEF. No entanto, para que esta proposta do PSD vingasse, o Governo teria de recuar na intenção de distribuir as competências daquele organismo pela GNR, PSP, PJ, Instituto dos Registos e Notariado, Rede Nacional de Segurança Interna e pelo novo Serviço de Estrangeiros e Asilo. E, até agora, só houve um pequeno passo atrás: o ministro da Administração Interna chegou a defender que a reestruturação do SEF não tinha de ser discutida no Parlamento precisamente por se tratar de um serviço e não de uma força de segurança, mas o Governo contrariou-o, optando por apresentar a proposta na Assembleia da República.

Além de alterar a natureza para força de segurança, o PSD apenas rearruma as atribuições do SEF por áreas as de natureza policial e de investigação criminal, as de gestão documental, asilo e refugiados, e do plano internacional. E remete para o Governo a tarefa de regulamentar, em 60 dias, o “regime de exercício da liberdade sindical e os direitos de negociação colectiva e de participação do pessoal do corpo especial do SEF”.

Sem querer entrar na argumentação que irá usar no debate no plenário, o vice-presidente social-democrata André Coelho Lima vinca que a intenção é “tornar claro que o PSD defende o oposto do Governo. Este propõe extinguir uma força especializada criada com Schengen em 1986 para gerir fronteiras e a imigração, e o PSD quer reforçar institucionalmente o SEF, equiparando-o à GNR e PSP.” Ou seja, em vez de continuar com a filosofia praticamente híbrida que tem hoje um serviço de segurança que ao mesmo tempo que tem autoridade policial agregada , o SEF passaria a ser uma força de segurança.

Para já, o Governo conta pelo menos com o apoio do Bloco que também terá já alguma segurança de que o PS lhe dá a mão para a aprovação da sua proposta de criação da Agência Portuguesa para a Migração e o Asilo. A agência tem por missão, segundo o diploma do BE, “executar e acompanhar as políticas relativas aos serviços de regularização da entrada e permanência de cidadãos estrangeiros em território nacional, emitir pareceres sobre os pedidos de asilo e de instalação de refugiados, bem como estudar, promover, coordenar e executar as medidas e acções relacionadas com as políticas migratórias e os movimentos migratórios”.

Já o Chega propõe alterações à Lei de Segurança Interna para que o Conselho Superior de Segurança Interna (CSSI) passe a integrar não dois representantes eleitos pela Assembleia da República mas sim um deputado designado por cada partido com assento parlamentar, e para que o SEF e o CSSI passem a emitir parecer sobre a aplicação das “grandes linhas políticas de segurança europeia propostas pelos órgãos comunitários”.

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