Ministro recusa que chefe dos serviços de segurança testemunhe sobre as explosões no porto de Beirute

O juiz decidiu iniciar os procedimentos judiciais contra vários altos cargos políticos e de segurança por suspeita de envolvimento nas explosões que

Foto
Familiares das vítimas das explosões do porto de Beirute protestaram contra o adiamento da decisão de levantar a imunidade a ministro libaneses NABIL MOUNZER/EPA

O ministro do Interior do Governo interino do Líbano, Mohamad Fahmi, recusou esta sexta-feira o requerimento apresentado pelo juiz que investiga as explosões de Agosto de 2020 no porto de Beirute, que fizeram 207 mortos, 7500 feridos e prejuízos na capital libanesa no valor de 15 mil milhões de dólares, para interrogar o chefe dos serviços de segurança do país, Abbas Ibrahim.

Segundo as fontes citadas pela emissora libanesa Voice of Lebanon, Fahmi recusou-se a dar autorização a Abbas Ibrahim para comparecer perante o juiz Tarek Bitar, sem avançar os motivos para a decisão, que chega um dia depois do próprio Ibrahim se ter mostrado disposto a testemunhar.

Ibrahim afirmou na quinta-feira que “sempre respeitou o poder judicial” e disse que compareceria “desde que as coisas fossem feitas dentro do marco administrativo e judicial”, apelidando as explosões de Beirute de “catástrofe nacional e humana”.

Ao mesmo tempo, o chefe dos serviços de segurança denunciou a existência uma “campanha suspeita contra ele” por parte de agentes “internos e externos” que procuram “assassiná-lo moralmente”, segundo avançou a agência estatal libanesa NNA.

Por sua vez, Bitar anunciou na semana passada a sua decisão de iniciar os procedimentos judiciais contra o primeiro-ministro interino, Hassan Diab, e vários altos cargos políticos e de segurança pela sua suposta relação com as explosões no porto de Beirute.

O juiz confirmou as acusações apresentadas contra Diab pelo seu antecessor, Fadi Sawan, e acrescentou que vai convocá-lo a testemunhar, ao mesmo tempo que pediu que se retire a imunidade de vários ministros e altos cargos das forças de segurança para que também compareçam durante as investigações.

Para analisar o pedido do juiz, uma comissão parlamentar reuniu-se na sexta-feira, mas a decisão foi adiada para uma data não especificada. O adiamento foi recebido com protestos de familiares das vítimas que continuam a exigir o apuramento de responsabilidades, “com ou sem imunidade”, citou a Reuters Youssef al-Mawla, que perdeu o filho na explosão.

Bitar afirmou no início de Junho que esperava determinar no espaço de dois meses as causas das explosões, que provocaram enormes danos materiais na cidade, e acrescentou que num futuro próximo iniciaria “a fase de convocação das pessoas que são objecto das investigações”.

O juiz foi nomeado para o cargo em meados de Fevereiro, depois de o antecessor ter sido retirado do cargo na sequência dos pedidos apresentados por dois ex-ministros acusados de negligência. Quando convocados a testemunhar, negaram-se a comparecer e acusaram o juiz de ser incompetente.

As explosões ocorreram num momento em que o Líbano atravessa uma profunda crise económica e desencadearam uma nova onda de protestos que exigiram a saída de Diab, sem que até hoje se tenha acordado a formação do novo executivo.

Sugerir correcção
Comentar