Rui Rio defende remodelação de Governo “desorientado”

No fim-de-semana, António Costa garantiu que não está prevista nenhuma remodelação.

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Rui Rio, líder do PSD LUSA/JOSÉ COELHO

“A equipa está manifestamente a jogar mal, está desorientada, está desgastada, está cansada, está com dificuldades de relacionamento. É evidente. E se assim é, tem de ter uma reacção.” Este é o retrato do Governo feito pelo presidente do PSD e Rui Rio diz mesmo que se fosse primeiro-ministro já tinha feito uma remodelação - mas recusa identificar os ministros e secretários de Estado que mudaria, embora admita que Eduardo Cabrita “não tem” condições para continuar, pelo menos no modelo em como o líder do PSD entende que um Governo deve funcionar.

Em declarações aos jornalistas à margem da conferência "PME XXI - Qual o futuro?” organizada pela Associação Nacional de Jovens Empresários, Rui Rio remeteu sempre para António Costa a decisão de quando e quem remodelar, mas afirmou que, se fosse consigo, não esperava para depois das autárquicas, marcadas para 26 de Setembro. “Tem que perguntar ao dr. António Costa”, respondeu Rui Rio sobre se o primeiro-ministro deve esperar pelas eleições autárquicas para fazer mudanças. “Eu já o teria feito antes que a situação se degradasse como se tem degradado.”

“Uma coisa é eu em concreto pedir a demissão do ministro A ou B, e eu por sistema não o faço; isso está na esfera do primeiro-ministro. Mas parece-me evidente que o Governo precisa de uma remodelação. Não vou dizer quais os ministros, o primeiro-ministro é que sabe. Eu tenho uma ideia, mas isso não interessa”, disse Rui Rio.

Que acrescentou: “É evidente que o Governo está com um desgaste brutal. Tanto quanto sei - e estou informado sobre isso - o próprio relacionamento entre os governantes em alguns casos não é o melhor.” Daí que Rui Rio considere que “era importante para o país que o Governo ganhe novo ânimo, nova dinâmica, nova organização. A composição que tem está gasta.”

Mas um Governo desgastado não é favorável para o PSD (especialmente em ano eleitoral)? “Para o PSD é favorável, mas para o país é altamente desfavorável”, afirma o presidente do partido. “Não cabe ao líder da oposição, embora algumas pessoas gostem disso, incentivar que fique assim porque é bom para mim. Mesmo como líder da oposição devo ter em primeiro lugar o país. Manifestamente, para o país, o estado em que o Governo se encontra não é bom. Tem que ter outra dinâmica, outra apresentação”, defendeu Rui Rio.

No sábado, numa entrevista ao PÚBLICO, António Costa garantiu que “não está prevista nenhuma remodelação” do Governo, ao mesmo tempo que defendeu a necessidade de estabilidade governativa e o trabalho feito pelos vários ministros.

No entanto, para além da polémica que tem envolvido Eduardo Cabrita há três semanas desde que o carro em que seguia atropelou mortalmente um trabalhador que limpava a auto-estrada do Alentejo e as informações do seu gabinete foram contraditórias com as da Brisa, na sexta-feira, numa entrevista ao Expresso, o ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva dizia que espera que o partido - e António Costa - lhe “permita” que termine a sua carreira na Faculdade de Economia do Porto e deixou-se fotografar com uma pasta na mão.

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