António Costa: “A ideia de que a Europa é governável por um directório franco-alemão acabou”
Depois de seis meses de presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, o primeiro-ministro faz o balanço do que foi feito, do que se podia ter feito melhor e do que ainda falta fazer no futuro.
Estamos a viver cá e na Europa numa verdadeira montanha-russa. O que era verdade ontem, já não é hoje. O que sabíamos ontem é posto em causa pelo que vamos saber amanhã. Como é que se pode gerir, não só um país, mas uma vasta união de países nestas circunstâncias? Depois de uma fase em que a Europa se recompôs e conseguiu agir unida, hoje voltamos a ver alguns sinais de crispação.
A Europa conseguiu fazer coisas que, antes da chegada da pandemia, ninguém acreditava que era possível fazer num tão curto espaço de tempo. Do bloqueio das negociações das Perspectivas Financeiras Plurianuais passámos para a aprovação do Next Generation EU, para a emissão de dívida pela Comissão Europeia. Tudo isto foi feito em poucos meses. Depois, foi preciso pôr estas decisões [em prática] e esse foi o lema da nossa presidência – tempo de agir. Conseguimos que todos os parlamentos nacionais aprovassem a decisão [sobre recursos próprios] que permitia à Comissão emitir dívida. Várias vezes estivemos à beira do bloqueio e foi necessário fazer negociações com as oposições dos governos respectivos – umas vezes socialistas, outras vezes da direita - que queriam travar essa decisão. E várias vezes estivemos no fio da navalha. Na Roménia, na Finlândia e noutros países.
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