“Podia ser eu, podias ser tu”, as seis vigílias em memória de todos os sinistrados

As vigílias realizam-se este sábado em Lisboa, Torres Vedras, Leiria, Porto, Braga e Faro. A organização exige responsabilidade política, redução da velocidade e maior fiscalização.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Face ao acidente que ocorreu no dia 26 de Junho que vitimou uma ciclista de 37 anos, foram organizadas seis vigílias de Norte a Sul do país, convocadas pela MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta e a que várias associações aderiram. As várias homenagens realizam-se este sábado e têm como mote “Podia ser eu, podias ser tu. Nem mais uma vítima”.

Em Lisboa a vigília terá lugar na Avenida da Índia, em Belém, mais concretamente no local onde ocorreu o acidente. Ainda no Centro, em Torres Vedras o momento realizar-se-á em frente à Câmara Municipal e em Leiria no Largo do Papa.

A Norte, no Porto, a homenagem será na Avenida dos Aliados, em frente à Câmara Municipal e em Braga na Praça da República. Por último, a Sul, realizar-se-á em Faro, no Jardim Manuel Bivar.

Todas as homenagens terão início às 11h, excepto em Braga, que se realiza às 22h, e são de acesso livre e aberto a todos os interessados (que poderão fazer-se acompanhar pelas respectivas bicicletas, se assim o entenderem). O objectivo é que seja um momento pacífico e silencioso com a duração aproximada de 20 minutos.

Além da MUBi juntaram-se seis parceiros a esta iniciativa, nomeadamente a ACA-M - Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, a Bicicultura, Braga Ciclável, Ciclaveiro, Cicloda - Associação Oficina da Ciclomobilidade e Faro a Pedalar. É pedido a todos os participantes que cumpram as normas da Direcção-Geral da Saúde (DGS) no que toca ao uso de máscara e ao cumprimento do distanciamento físico. Em Lisboa, a vigília contará ainda com a presença e coordenação da Polícia de Segurança Pública para garantir o corte temporário do trânsito na avenida.

De acordo com a organização, as vigílias serão em memória de todas as vítimas da sinistralidade rodoviária, sendo que Portugal apresenta, a nível Europeu, um dos piores índices de sinistralidade dentro das localidades.

Em comunicado, exigem ao Governo e às autarquias que “assumam a sua responsabilidade política com medidas urgentes para que a Visão Zero não seja mais que um chavão sem significado”. A Visão Zero é um conceito de segurança rodoviária que afirma que “nenhuma vida perdida no trânsito é aceitável”.

Questionando “até quando temos de esperar para que se assumam responsabilidades políticas?”, as associações afirmam que “as autarquias, que continuam a privilegiar e a fomentar o uso do automóvel (…) não podem demitir-se das suas responsabilidades nestas mortes”.

As seis vigílias pretendem ainda exigir uma “redução das velocidades nos centros urbanos para 30km/h” e “uma melhor fiscalização de comportamentos de risco por parte dos automobilistas”.

Além das vigílias dinamizadas pelas sete associações, a FPCUB (Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta) convidou todas as pessoas a vestir uma peça de roupa branca no dia 3 de Julho, assinalando três minutos de silêncio às 11h30 em memória de todas as vítimas da sinistralidade rodoviária.

O acidente de dia 26 provocou a morte de uma ciclista que utilizava regularmente a bicicleta como meio de transporte e que estava grávida de quatro meses. A colisão ocorreu na Avenida da Índia, entre Algés e Belém.

De acordo com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, em 2019 morreram 26 pessoas enquanto se deslocavam de bicicleta e 1.563 velocípedes estiveram envolvidos em colisões, sendo Lisboa o distrito com mais sinistros.

Texto editado por Ana Fernandes

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