Morreu Donald Rumsfeld, antigo secretário da Defesa dos EUA

Arquitecto da invasão do Iraque em Março de 2003 durante a presidência de George W. Bush morreu aos 88 anos.

Foto
Donald Rumsfeld em Março de 2003, após a invasão do Iraque Reuters/Kevin Lamarque

Donald Rumsfeld, antigo secretário da Defesa dos Estados Unidos, morreu esta quarta-feira aos 88 anos. A notícia foi confirmada pela família num comunicado onde informou que o político republicano morreu rodeado pelos entes queridos em Taos, no estado do Novo México, ao mesmo tempo que louvava as “seis décadas de serviço público" de Rumsfeld.

“É com profunda tristeza que compartilhamos a notícia do falecimento de Donald Rumsfeld, um estadista americano e dedicado marido, pai, avô e bisavô”, disse o comunicado. 

Rumsfeld serviu dois Presidentes norte-americanos como secretário da Defesa. Fez parte da administração de Gerald Ford entre 1975 e 1977 e de George W. Bush entre Janeiro de 2001 e Dezembro de 2006. Durante a presidência de Bush, Rumsfeld foi o principal arquitecto da invasão do Iraque em Março de 2003, acabando por ser substituído três anos e meio depois, vítima política de uma guerra impopular aos olhos do público norte-americano.

Com Rumsfeld no comando, as forças dos EUA rapidamente derrubaram o presidente iraquiano Saddam Hussein, mas não conseguiram manter a lei e a ordem e o Iraque caiu no caos com uma revolta sangrenta e violência entre sunitas e xiitas muçulmanos. As tropas dos EUA permaneceram no Iraque até 2011, muito depois da sua saída de cena.

O antigo responsável da defesa norte-americana desempenhou também um papel importante antes da guerra quando defendeu, perante o mundo, a invasão de Março de 2003 e alertou sobre os perigos das armas de destruição maciça do regime de Saddam, que nunca foram encontradas.

Em 2004, George W. Bush recusou por duas vezes a demissão de Rumsfeld após virem a público as fotos de militares dos EUA a abusar e humilhar prisioneiros na prisão de Abu Ghraib, nos arredores de Bagdade, num caso que motivou a condenação global. As fotos mostravam soldados americanos a rir enquanto os prisioneiros eram forçados a posições sexualmente abusivas e humilhantes. Uma das imagens mostrava mesmo um prisioneiro em cima de uma caixa, a cabeça coberta por um capuz preto, com fios presos ao corpo.

Rumsfeld autorizou pessoalmente técnicas de interrogatório extremas para os detidos na “guerra ao terror”. O tratamento dado aos detidos no Iraque e aos suspeitos de terrorismo presos na base naval dos EUA na Baía de Guantánamo, Cuba, atraiu também a condenação internacional.

Era um aliado próximo do vice-presidente de George W. Bush, Dick Cheney, que trabalhou para Rumsfeld durante as presidências republicanas de Richard Nixon e Gerald Ford na década de 1970.

 
 
Sugerir correcção
Ler 30 comentários