Eis então que, pela primeira vez, temos um Euro apátrida, a correr de país em país sem ser de nenhum. Até parece o ideal, dada a situação pandémica, mas não foi planeado, afinal, a pandemia pertencia ao domínio da ficção científica quando monsieur Platini levou a sua avante. E é realmente um campeonato muito do nosso tempo, ou seja, a decorrer algures num espaço virtual, indefinido, e com linha traçada entre uns quantos privilegiados, a jogar sempre em casa, e todos os outros, sempre de malas às costas. Daqui a um par de gerações, os cidadãos do país vencedor serão como os nossos pais e avós, obrigados a decorar todas as linhas e apeadeiros ferroviários. Assim contarão aos netos a epopeia deste Inglaterra-Alemanha-Itália-Azerbaijão-Rússia-Dinamarca-Países Baixos-Roménia-Espanha-Hungria-Escócia 2020 (que, para aumentar a confusão, só aconteceu em 2021).
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