Elas juntaram-se para dizer que o futebol também é para mulheres (e sim, sabem o que é um fora de jogo)

#HerGameToo é o nome da organização criada por 12 fãs de futebol que se cansaram de ver as suas opiniões sobre o jogo desvalorizadas. Querem trabalhar com jogadores e equipas para mostrar que as mulheres também pertencem ao mundo da bola.

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“Sabes o que é um fora de jogo?”: ouviu, com certeza, pelo menos uma vez na vida, qualquer mulher que disse gostar de futebol. A pergunta é uma espécie de teste para assegurar que, em causa, está uma fã verdadeira. Se a resposta for acertada, é possível que se siga um comentário do género: “Vá lá, até sabes algumas coisas.”

Precisamente para lutar contra as constantes desvalorizações da mulher no mundo do futebol — e para lembrar que qualquer pessoa pode ser fã —, um grupo de 12 mulheres fundou o HerGameToo, uma organização não-governamental que quer assegurar que todas as mulheres são “bem recebidas e respeitadas como iguais” no diálogo sobre futebol.

Alertar, educar, pesquisar, criar relacionamentos com clubes, “ter presença em estádios de futebol ou bares de desporto para criar um ambiente mais acolhedor para raparigas e mulheres” ou fazer campanha contra o sexismo são alguns dos objectivos deste projecto, enumerados no site.

“O online é muito pior do que a vida real, e muito mais pessoal”, disse Caz May, uma das fundadoras do projecto, à revista Dazed. “As mulheres são atacadas pelo aspecto físico ou peso, e somos muitas vezes insultadas. Pode ser bastante avassalador quando recebes tweets sexistas só por teres uma opinião em relação ao futebol.”

Foi também online a primeira campanha que lançaram, em Maio, com a hashtag #HerGameToo no Twitter: um vídeo onde várias mulheres mostram diferentes mensagens: “Opiniões das mulheres no futebol = inválidas”; “Só vais ao futebol para ter atenção masculina”; “Porque é que não me vais fazer uma sanduíche?” Tudo frases que já foram lidas, em algum momento, pelas impulsionadoras do projecto.

“É cansativo receberes essas respostas quando o que queres é apenas falar de futebol, como todas as outras pessoas”, referiu Caz May, citada no mesmo texto. “Também percebemos que éramos questionadas sobre o onze inicial, o fora de jogo, a táctica, porque alguns homens não acreditam que nós saibamos esse tipo de coisas.”

Esta discriminação, garante May, “ainda não mudou porque ninguém exigiu que mudasse, como agora”. O movimento deu origem a uma série de testemunhos que lhes foi parar à caixa de mensagens: “Temos imensas pessoas que nos dizem que disseram às filhas que não podiam jogar porque é ‘um jogo de homens’. As escolas primárias não têm espaço para as raparigas jogarem futebol depois dos 12 anos, o que significa que são excluídas desde cedo. Os rapazes e as raparigas precisam de ser ensinados que é um jogo para toda a gente.”

A organização pretende conseguir apoio das pessoas que estão no topo — sejam jogadores profissionais ou as próprias equipas — e, garante May, estão a trabalhar para isso. “As equipas e as organizações precisam de garantir que acabam com o sexismo no futebol e trabalhar connosco para construir um ambiente melhor para fazer as mulheres sentirem-se bem recebidas”, remata. 

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