Covid-19: Santos Silva lamenta decisão da Alemanha pouco antes de certificado digital entrar em vigor

“A lógica do certificado covid-19 é a de podermos tomar medidas restritivas para controlar a pandemia e deixarmos circular as pessoas que estiverem vacinadas ou imunizadas”, salientou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O ministro dos Negócios Estrangeiros lamentou este sábado a decisão alemã de colocar Portugal na “lista vermelha” de viagens pouco antes de o certificado verde se tornar lei, mas disse não ser surpreendente face ao nível de prudência do país.

“Eu lamento a decisão da Alemanha em dois aspectos. O primeiro é ter colocado o país inteiro. Há regiões que, do ponto de vista da covid-19, estão hoje numa situação preocupante, mas outras não”, afirmou Augusto Santos Silva, em declarações à Lusa.

Segundo o governante, na recomendação de viagens internas na União Europeia (UE), aprovada durante a presidência portuguesa do Conselho, é permitido aos Estados-membros tomarem decisões tendo em conta as várias regiões de um determinado país.

Por outro lado, o ministro lembrou que o certificado digital de covid-19 vai tornar-se lei, a nível da UE, a partir do dia 1 de Julho. “A lógica do certificado covid-19 é a de podermos tomar medidas restritivas para controlar a pandemia e deixarmos circular as pessoas que estiverem vacinadas ou imunizadas”, apontou.

No entanto, Augusto Santos Silva referiu que a decisão “não surpreende”, tendo em conta que a Alemanha tem tido uma “posição de extrema prudência”, acrescentando que esta deve também alertar Portugal para a necessidade de cumprir as medidas de segurança para que o número das novas infecções não continue a subir.

O ministro classificou ainda os números como “preocupantes”, mas ressalvou que esta não é apenas uma realidade em Portugal.

Já sobre as recentes declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, que disse que a subida das infecções em Portugal podia ter sido evitada, Santos Silva notou que esta análise “não é a mais adequada”, tendo em conta que Portugal “não foi nada permissivo” quanto à entrada de britânicos.

“Só aceitámos quem apresentou um teste negativo”, vincou, lembrando que, na quinta-feira, o “equívoco foi esclarecido” durante o Conselho Europeu.

As autoridades sanitárias da Alemanha colocaram Portugal na “lista vermelha”, uma decisão que vigorará a partir de terça-feira e que obrigará todos os viajantes provenientes do território português a uma quarentena de 14 dias. Na sua origem estará o aumento da taxa de incidência de Portugal, que regista 137,5 casos por 100 mil habitantes. O número actual de infectados supera os 30 mil.

Um documento da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge explicitou, na quinta-feira, que a variante Delta, inicialmente detectada na Índia, deverá ser responsável por mais de 70% das infecções na região de Lisboa e Vale do Tejo e que já poderá ser a predominante em Portugal.