APAVT pede novas medidas de apoio ao turismo depois de Berlim ter limitado viagens para o país

“Portugal é classificado como uma área de variantes [do SARS-CoV-2] de preocupação inicialmente durante duas semanas”, dá conta a decisão do Instituto Robert Koch, a agência federal de saúde da Alemanha, acrescentando “que uma extensão” deste período “é possível”.

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REUTERS/Pedro Nunes

A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) pediu neste sábado ao Governo medidas urgentes de apoio ao sector, designadamente a manutenção do layoff como existia até Maio, após a Alemanha ter colocado Portugal na “lista vermelha”.

Num comunicado, a APAVT afirma que “a recente decisão do Governo alemão relativamente às viagens dos seus cidadãos para Portugal, depois da saída do país da lista verde do Reino Unido, a par da incerteza causada pelo recuo no desconfinamento e o respectivo impacto nas férias dos portugueses, constitui um golpe fatal nas expectativas de início de retoma para o turismo no seu todo”.

Impõe-se por isso, sublinha a associação, “a necessidade urgente de novos apoios que evitem a falência de todo um sector”.

“Portugal está, na prática, actualmente impossibilitado de acolher turistas de vários mercados, incluindo os dois maiores em termos de dormidas, e o primeiro e terceiro maiores em termos de receita turística, o Reino Unido e a Alemanha, o que vem criar um vasto deserto no panorama da oferta nacional e afasta qualquer possibilidade de retoma para as agências de viagens especializadas no turismo receptivo”, refere a APAVT.

A associação sublinha que, “do ponto de vista dos operadores turísticos e agências que se dedicam ao turismo de lazer, o cenário é igualmente desolador, goradas que estão as expectativas de uma retoma do negócio nesta época alta de Verão” e que “o chamado turismo de negócios permanece igualmente sem movimento”.

“No curto prazo, os custos económicos e sociais das falências, incluindo o custo dos subsídios de desemprego, serão de valor muito superior ao investimento em medidas de apoio como as do layoff e a médio prazo, o custo será incomensuravelmente maior, na medida em que a impossibilidade de retoma de um sector que representa um contributo superior a 10% do PIB nacional terá um impacto que extravasa para toda a economia nacional”, adianta a APAVT.

Se não houver novas medidas de apoio, existe o risco de “os apoios a fundo perdido se transformarem em saco roto, com a falência geral da oferta turística nacional, o que traria impossibilidade de recuperação económica para o país, bem como elevadíssimos custos em subsídios de desemprego”, afirma o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, citado no comunicado.

"Lista vermelha"

As autoridades sanitárias da Alemanha colocaram Portugal na “lista vermelha”, uma decisão que vigorará a partir das 00h de terça-feira e que obrigará todos os viajantes provenientes do território português a uma quarentena de 14 dias.

“Portugal é classificado como uma área de variantes [do SARS-CoV-2] de preocupação inicialmente durante duas semanas”, dá conta a decisão do Instituto Robert Koch, a agência federal de saúde da Alemanha, acrescentando “que uma extensão” deste período “é possível”.

O período de 14 dias de quarentena passa a ser obrigatório, mesmo com a apresentação de teste negativo, comprovativo da toma completa da vacina ou comprovativo de imunidade. Passa também a ser obrigatório para os estrangeiros não residentes na Alemanha um registo digital prévio à entrada no país.

Na origem da decisão estará o aumento da taxa de incidência de Portugal, que regista 137,5 casos por 100 mil habitantes. O número actual de infectados supera os 30 mil.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos 3.903.064 vítimas em todo o mundo, resultantes de mais de 179.931.620 casos de infecção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.081 pessoas e foram confirmados 871.483 casos de infecção, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detectado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.