Historiador da Universidade do Minho Lopes Cordeiro vence Prémio Grémio Literário 2020

1820. Revolução Liberal do Porto é o livro que valeu o prémio ao professor e investigador, uma edição da Câmara do Porto a assinalar os duzentos anos da primeira tentativa de implantação do liberalismo em Portugal.

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José Manuel Lopes Cordeiro DR

O historiador José Manuel Lopes Cordeiro, da Universidade do Minho (UM), em Braga, venceu o Prémio Grémio Literário 2020 com a obra 1820. Revolução Liberal do Porto, foi divulgado este sábado. O livro tem 536 páginas, 202 ilustrações, “muitas delas inéditas”, e novas revelações sobre a primeira tentativa de implantação do liberalismo em Portugal, refere a UM, em comunicado.

“É uma honra receber este prémio, é o reconhecimento do meu trabalho de muitos anos nesta área”, afirmou Lopes Cordeiro, citado na nota de imprensa.

Em Janeiro, 1820. Revolução Liberal do Porto já tinha sido eleito o melhor livro em História Contemporânea Portuguesa publicado em 2020, pelo blogue Almanaque Republicano.

A obra, editada pelo Município do Porto, destaca em especial as fontes locais daqueles 40 dias que abalaram a História de Portugal e do Brasil há dois séculos, referiu a universidade. “O autor parte da exposição homónima que organizou no ano passado na Casa do Infante, no Porto, mas vai além do mero catálogo da mostra. Aí se incluem os principais antecedentes da revolta: a ida da corte para o Brasil em 1807; a invasão napoleónica do Porto e o desastre da Ponte das Barcas em 1809; a criação pelo príncipe regente D. João do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1815; a conspiração de 1817 e a execução do general Gomes Freire de Andrade, que acicatou a revolta contra a presença inglesa e do marechal Beresford; e a constituição da associação secreta Sinédrio, no Porto, para organizar a revolução”, sublinhou.

O Grémio Literário de Lisboa atribui o prémio anualmente a obras originais de autores portugueses na área das letras, artes e ciências.

José Manuel Lopes Cordeiro é professor aposentado da Universidade do Minho, investigador do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS), presidente da Associação Portuguesa para o Património Industrial, director do Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave e da revista Arqueologia Industrial.

Está ainda no conselho editorial de quatro revistas internacionais e soma 10 livros e mais de 50 artigos científicos publicados, sobretudo sobre história política e arqueologia industrial. Foi também director do Museu da Ciência e Indústria do Porto, responsável nacional do projecto do Conselho da Europa Itinerários Culturais Europeus: As Rotas do Têxtil e colaborou no Dicionário de História de Portugal, coordenado por António Barreto e Maria Filomena Mónica.

O investigador vai receber o prémio na próxima terça-feira, no Grémio Literário de Lisboa, numa cerimónia agendada para as 19h00. O galardão consiste numa escultura de José de Guimarães e, no passado, foi entregue a figuras como o cineasta Manuel de Oliveira e o sociólogo David Justino.