A Porta regressa a Leiria mais como um encontro da comunidade do que como festival
A Villa Portela é o epicentro de uma programação que arranca a 2 de Julho e que quer imaginar o futuro.
O festival A Porta volta este ano a ter residência no centro de Leiria, mas ainda não regressa “às moradas do seu coração”, explica o director artístico do festival, Gui Garrido. Numa edição que tem início no primeiro fim-de-semana de Julho (dias 2,3 e 4) e se alarga aos dois seguintes (de 9 a 11 e de 16 a 18), A Porta quer falar sobre “a possibilidade de criação de horizontes”, assumindo, sob o mote “Insistir, Resistir, Existir”, um formato mais de encontro com a comunidade do que de festival, em que as pessoas serão chamadas a reflectir sobre o futuro da Villa Portela, um chalet oitocentista que a autarquia quer transformar em centro de artes.
Por causa da pandemia, a Villa Portela será o epicentro da programação, embora A Porta tenha as suas raízes no centro histórico de Leiria, com a Rua Direita a servir-lhe de espinha dorsal. “Não conseguir ir para junto dos lojistas, moradores e viandantes que fizeram parte da génese deste projecto é muito doloroso”, diz Gui Garrido ao PÚBLICO. No entanto, era necessário adaptar o evento às actuais circunstâncias sanitárias.
Na vertente musical, a grelha será preenchida, na maioria, por artistas portugueses. O cartaz conta com a harpista Angélica Salvi, com a cantautora Arianna Casellas, com as actuações de Dada Garbeck e Ricardo Martins, de Ece Canli, de Braima Galissá, do projecto Herlander e do violinista Samuel Martins Coelho. Entre outros nomes, os grupos Sensible Soccers, Sunflowers e Yakuza marcam também presença na edição deste ano, que mantém a oferta multidisciplinar, numa programação que inclui um ciclo com três filmes do cineasta Pedro Neves, conversas e actividades para famílias. O concerto de abertura fica a cargo de Nuno Rancho.
A Porta também quis convocar uma reflexão sobre o passado e o futuro da Villa Portela. Para continuar “as práticas participativas e comunitárias” que carrega consigo desde a primeira edição, em 2015, a organização lançou o repto “a escolas, lares de idosos, cafés, livrarias” para ajudar a imaginar “o passado, presente e futuro” do chalet, refere Gui Garrido. “O fundamental é ter pessoas de várias comunidades e várias idades” a reflectir sobre “o que deveria ser um espaço de todos e para todos”, acrescenta. Os contributos chegaram em formato de texto, desenho e áudio e são esses registos que servirão de base para a criação de instalações. Colectivo Til, ± MaisMenos ±, Tenório, Frame Colectivo e Patrick Hubmamn foram os convidados para uma residência artística que começa esta sexta-feira e vai até ao primeiro dia d’A Porta. As criações ficarão depois em exibição num circuito que estará aberto ao público durante os dias do festival.
O diálogo de gerações não ficou na parte de recolha de propostas. Além de um programa familiar e educativo, essa componente, exemplifica Gui Garrido, está presente nas sessões DJ. Cada sessão será assumida por uma família, com avós, pais e netos que foram convidados pela organização. “Tanto poderemos ter a [música da] Pequena Sereia como Explosions in the Sky. Vai ser bastante ecléctico”, prevê.
A Porta é de entrada livre, mas mediante reserva obrigatória.