UEFA rejeita iluminação arco-íris no estádio de Munique

Munique pretendia iluminar a Allianz Arena com as cores do arco-íris, símbolo associado à comunidade LGBTI, no jogo entre alemães e húngaros, depois de a Hungria ter aprovado uma lei que proíbe a divulgação de conteúdos sobre orientação sexual a menores de 18 anos.

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Andreas Gebert/REUTERS

A UEFA rejeitou esta terça-feira o plano da cidade de Munique para iluminar Allianz Arena com as cores do arco-íris no jogo entre Alemanha e Hungria, na quarta-feira, para o Euro 2020 de futebol, por protestar contra uma lei húngara.

“Pelos seus estatutos, a UEFA é uma organização política e religiosamente neutra”, reiterou o organismo que rege o futebol europeu, em comunicado.

O município presidido por Dieter Reiter pretendia iluminar o estádio com as cores do arco-íris, símbolo associado à comunidade LGBTI, no embate entre alemães e húngaros, para a terceira jornada do Grupo F, que integra também a selecção portuguesa, e hastear bandeiras multicoloridas no recinto.

A iniciativa visava manifestar apoio à comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexo) na Hungria, estado-membro da União Europeia que aprovou recentemente uma lei que proíbe a divulgação de conteúdos sobre orientação sexual a menores de 18 anos.

“Dado o contexto político deste pedido uma mensagem que visa uma decisão tomada pelo parlamento nacional húngaro , a UEFA deve recusá-lo”, rematou o organismo presidido pelo esloveno Aleksander Ceferin.

A UEFA diz acreditar que “a discriminação só pode ser combatida em estreita colaboração com os outros”, propondo que a cidade bávara ilumine o estádio com estas cores no dia 28 de Junho, dia da parada do Christopher Street Day (CSD, a tradicional marcha “pride"), ou entre 3 e 8 de Julho, na semana da CSD em Munique.

Planos “nocivos e perigosos"

Na segunda-feira, o Governo húngaro classificou como “nocivos e perigosos” os planos da autarquia de Munique de iluminar o estádio com as cores do arco-íris.

Em declarações à comunicação social, à margem de uma reunião ministerial, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, disse que “na proposta de iluminar (o estádio) é claramente detectada uma intenção de misturar a política com o desporto”.

“Todos sabem do que se trata”, afirmou o chefe da diplomacia húngara, considerando tal iniciativa como “muito nociva e perigosa”.

Nas declarações aos jornalistas, Péter Szijjártó defendeu ainda a legislação aprovada, argumentando que a nova lei visa apenas defender os direitos dos menores. “Aprovamos uma lei em defesa das crianças húngaras e contra a qual a Europa Ocidental está agora a protestar”, reforçou.

Por sua vez, o Governo alemão fez saber que saúda a utilização de símbolos arco-íris pela selecção germânica de futebol durante o Euro 2020, enaltecendo o empenho contra a discriminação.

“As cores do arco-íris são um símbolo de como queremos viver, com respeito mútuo e sem discriminar as minorias que foram marginalizadas durante muito tempo”, afirmou o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, numa referência à iluminação do estádio de Munique, mas também à utilização de uma braçadeira de capitão multicolor usada pelo guarda-redes alemão Manuel Neuer.