PCP leva semana de 35 horas e 25 dias de férias ao Parlamento a 30 de Junho
“O Governo PS multiplica palavras e acenos mas continua a colocar-se contra os trabalhadores”, acusou Jerónimo de Sousa na abertura das jornadas parlamentares comunistas.
Voltar ao horário de trabalho de 35 horas semanais, regressar aos 25 dias de férias anuais (22 dias úteis e mais três se o trabalhador não tiver faltas injustificadas), acabar com o período experimental de 180 dias e com os contratos de muito curta duração são algumas das propostas do pacote laboral que o PCP vai discutir e votar no Parlamento no próximo dia 30. O anúncio foi feito por Jerónimo de Sousa na abertura das jornadas parlamentares dos comunistas que decorrem nestas segunda e terça-feiras na Área Metropolitana de Lisboa.
Entre os vários projectos de lei que a bancada parlamentar vai agendar estão também o diploma que combate a precariedade laboral e que reforça os mecanismos para converter os vínculos precários em efectivos, outro que altera o regime de despedimento colectivo e do despedimento por extinção do posto de trabalho e revoga o despedimento por inadaptação.
No caso do regresso ao horário das 35 horas semanais para todos os trabalhadores, Jerónimo de Sousa argumentou que esse é o caminho que se impõe para “assegurar a compatibilização da vida profissional com a vida pessoal e familiar” mas também é uma medida “essencial para garantir o pleno emprego quando se acelera o desenvolvimento científico e tecnológico, permitindo fazer cada vez mais em menos tempo”.
Coladas ao anúncio da discussão das propostas de alteração do Código do Trabalho — que são, desde sempre, um dos cavalos de batalha dos comunistas e que até foram uma das moedas de troca da abstenção no Orçamento do Estado para este ano —, vieram as críticas ao Governo. “Este é um tempo em que é preciso confrontar o Governo PS, que multiplica palavras e acenos, mas que com as suas opções de classe continua a colocar-se contra os trabalhadores”, afirmou o secretário-geral do PCP. “É necessário avançar nos direitos e nas condições de vida dos trabalhadores. É necessário e é possível, com a sua luta que se intensifica e que o PCP saúda, reafirmando o seu compromisso de acção, solidariedade e apoio.”
“Impõe-se combater os que querem retrocessos nos salários e nos direitos, numa estratégia que agrava injustiças e desigualdades e que a ser adoptada afundaria o país”, avisou o líder comunista.
Mas se as novidades vieram da área laboral, as críticas mais ouvidas foram na saúde, concentradas na gestão da pandemia, sobretudo no desconfinamento e na questão da vacinação. E tinham começado logo com o líder parlamentar, que vincou que a pandemia trouxe à tona, “como se fossem fantasmas dos natais passados”, todas as “consequências das políticas de subserviência e dependência externa, de desinvestimento nos serviços públicos (...), destruição da capacidade produtiva nacional (...) promoção da precariedade e fragilização da protecção social”. João Oliveira lembrou que tem havido um “aproveitamento da pandemia como pretexto para agravar a exploração, liquidar direitos, e degradar as condições de vida dos trabalhadores”.
Os comunistas escolheram a Casa do Alentejo para servir de base para estas jornadas parlamentares na Área Metropolitana de Lisboa para, de forma simbólica, assinalar a falta de apoios do Estado ao movimento associativo e às colectividades durante a pandemia e as restrições à vida cultura e económica neste quase ano e meio. “Mais do que revisitar quinzenalmente o menu de restrições a aplicar em função de parâmetros cegos que nada dizem da realidade que se vive em cada um dos 308 concelhos do território nacional, o Governo devia concentrar esforços, meios e recursos nos objectivos de criar todas as condições para que, em segurança, a vida nacional possa ser retomada.”
Depois foi Jerónimo de Sousa que insistiu na receita - e ela não passa, vincou, por medidas de “linhas vermelhas” como a do fecho de entradas e saídas da Área Metropolitana de Lisboa como aconteceu neste fim-de-semana que se limitam a transferir responsabilidades para os cidadãos iludindo a “insuficiência das medidas [públicas] que se impõem”. Passa, sim, pela “vacinação rápida de todos através da diversificação da aquisição de outras vacinas já referencias pela OMS”, a “contratação do pessoal de enfermagem fundamental no funcionamento pleno dos centros de vacinação”, a “implementação da testagem” e o “reforço das equipas de saúde pública fundamentais ao rastreio dos novos casos”.
O líder do PCP defendeu ser também preciso encontrar soluções para garantir “com eficácia a recuperação das aprendizagens dos alunos forçados ao confinamento”, e que estas devem passar também pelo recrutamento de mais professores e assistentes operacionais, redução do número de alunos por turma e recuperação das escolas.