Bruce Springsteen regressa esta semana à Broadway, mas só para espectadores vacinados
Inicialmente, só pessoas com vacinas aprovadas nos Estados Unidos estavam autorizadas a assistir ao concerto, o que deixava de fora a AstraZeneca e a CoronaVac, por exemplo. Mas os protestos dos fãs fizeram os responsáveis alterar esta posição. A partir de 26 de Junho, o “Boss” vai testar a possibilidade de regresso dos espectáculos a pensar no pós-pandemia.
Mais de dois anos e meio depois da longa temporada de concertos decorrida em 2018, no Teatro Walter Kerr, Bruce Springsteen vai voltar, a partir desta semana, a um outro palco da Broadway, em Nova Iorque, para um ciclo de concertos-teste ainda em contexto de pandemia. A sala que desta vez vai acolher a música do ‘Boss’, com a sua guitarra, o piano e as suas histórias, vai ser o St. James Theatre (Rua 44, entre a 7.ª e a 8.ª Avenidas), entre os dias 26 de Junho e 4 de Setembro.
Segundo as indicações inscritas, na semana passada, no site do St. James Theatre, só as pessoas vacinadas com vacinas aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA), a entidade americana reguladora dos medicamentos, é que poderiam aceder ao concerto. Isto restringia a entrada a quem provasse ter, até 14 dias antes, completado as duas doses da Pfizer-BioNTech ou da Moderna, ou tomado a dose única da Jonhson & Johnson. E deixava de fora, por exemplo, os vacinados com a AstraZeneca, produzida em Oxford, que tem sido usada no Canadá, no Reino Unido e em vários países da Europa Continental, incluindo Portugal, e também com a chinesa CoronaVac.
A sucessão de protestos motivados por esta política — que a empresa Jujamcyn Theatres, proprietária da sala, justificou com as directivas das autoridades políticas e sanitárias de Nova Iorque — levou à reversão daquelas exigências. Esta segunda-feira, o site com a informação relativa ao concerto refere que o acesso, “seguindo as directrizes alteradas pelo Estado de Nova Iorque”, estará afinal aberto a toda a gente que comprove estar vacinado com uma vacina aprovada pela FDA, mas também pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Tal significa que tanto a AstraZeneca como a CoronaVac ficam agora abrangidas pela autorização.
“Burn in the USA”
Os primeiros protestos contra as restrições inicialmente impostas partiram do vizinho Canadá. Na notícia avançada no fim-de-semana sobre o regresso de Bruce Springsteen aos palcos da Broadway, o diário britânico The Guardian citava um título do jornal Toronto Star, que dizia que o músico “burn in the USA”, jogando com uma das suas canções mais mediáticas, Born in the USA. “O show tem de continuar, mas se você recebeu a vacina AstraZeneca, não está convidado”, escrevia ainda o diário canadiano.
A reversão destas exigências foi de imediato saudada por Steven Van Zandt, um músico que há longos anos toca com “The Boss”, no Twitter: “Muitos de vocês perguntaram. Aqui está a resposta. Houve muitas complicações que tiveram de ser ultrapassadas: regras nacionais, estaduais, municipais, relativas ao teatro, etc., que mudavam constantemente. Contudo, final feliz para os fãs”.
Polémica à parte, o concerto “Springsteen on Broadway” é apresentado como um primeiro teste à efectiva possibilidade de reabertura ao público das salas que se concentram na Broadway nova-iorquina. A estrear-se já no próximo sábado, dia 26, e pensado para se repetir até 4 de Setembro, o concerto do autor de Letter To You vai permitir aferir se os teatros e outras salas da Broadway poderão reabrir no início da próxima temporada.
Os concertos no St. James Theatre — uma sala com 1710 lugares, e cujo bilhete mais barato custa 420 dólares (cerca de 353 euros) — são assim acompanhados de um vastíssimo manual de instruções, a explicar, entre outras coisas, que os espectadores não terão de usar máscara, nem haverá distanciamento social. E também que os únicos que não terão de comprovar a vacinação serão os menores de 16 anos, desde que apresentem prova de um teste negativo recente à covid-19, e estejam acompanhados por um adulto, naturalmente vacinado.
À margem destes desenvolvimentos, o Guardian lembra a afirmação que Bruce Springsteen fez em entrevista ao The New York Times no ano passado, em plena pandemia: “A minha banda está no seu ponto alto, e acumulámos tanto conhecimento e experiência sobre o que fazemos que neste momento posso afirmar que estou num ponto da minha vida e carreira artísticas em que nunca me senti com tanta energia”.
Para o St. James Theatre, Springsteen promete um concerto intimista com a duração de duas horas e vinte minutos, sem intervalo.
Notícia actualizada com referência à reversão das medidas de acesso ao concerto.