António Mão de Ferro estreia Lunatic ao vivo: “É como se fosse um filme”

Ao quarto disco a solo, António Mão de Ferro assina o seu trabalho mais ecléctico: Lunatic, com estreia ao vivo esta quinta-feira no Porto, na Sala 2 da Casa da Música, às 20h30.

Foto
António Mão de Ferro ALBERTO ALMEIDA

Do rock ao blues, passando por outros géneros musicais que vão dando novos tons ao que vai criando, António Mão de Ferro estreou-se em 2010 com Karma Train e dez anos depois gravou Lunatic, que, apesar de ter impressa a data de 2020, só agora está a ser lançado. A estreia está marcada para esta quinta-feira no Porto, na Sala 2 da Casa da Música, às 20h30. “A pandemia trocou-nos as voltas, aliás o concerto já foi adiado duas vezes”, diz ele ao PÚBLICO.

Nascido no Porto, a 25 de Junho de 1976 (fará este mês 45 anos), António Mão de Ferro teve na família uma influência musical forte, já que o seu pai, Joaquim Gualter, era membro do grupo Os Tártaros, do Porto, onde tocava guitarra eléctrica (“uma Hofner”) e cantava. “Tinha os seus próprios originais e havia muitos temas dos Tártaros que eram dele”, recorda António.

“O meu pai influenciou-me mesmo antes de eu começar a tocar, aprendi a ouvir a música que ele ouvia, Beatles, blues, rock, desde muito miúdo. A guitarra é que veio depois de um sonho que eu tive, em que tinha uma guitarra, tocava e parecia que estava mesmo a viver a realidade. Quando acordei, contei-o ao meu pai, ele ficou a pensar naquilo (não tocava há já um tempo) e decidiu surpreender-me com uma guitarra no dia a seguir. E eu fiquei todo contente.” Mas era preciso aprender, e foi o pai que lhe ensinou os primeiros acordes. “Isso permitiu-lhe também voltar a tocar, lembrando-se dos acordes. A partir daí comecei a tocar e nunca mais parei.” A aprendizagem fez-se numa guitarra clássica (“o meu pai mudou as cordas de nylon para umas de aço”), mas passado pouco tempo já tinha uma eléctrica. E isso abriu-lhe outros caminhos.

Inglês, português, inglês

Karma Train, o seu disco de estreia, era cantado em português: “Saiu em 2010, mas já estava a ser trabalhado em 2006. Inicialmente, era cantado em inglês. Nem era eu que cantava, eu era o compositor e havia um cantor que fazia as letras, o Kiko Pereira [que no início de 2021 lançou o álbum Threadbare, assinado Kiko & the Blues Refugees, grupo de que faz parte António Mão de Ferro] e que entra igualmente neste disco.” Mas quer a editora, a JBJ & Viceversa, quer Rui Veloso, em cujo estúdio o disco foi gravado, sugeriram que o disco fosse em português. Ele cedeu, embora dando-lhe um título em inglês, o de umas das canções, Karma Train.

Mas os discos seguintes, já maioritariamente com letras de Bernardo Fesch, voltaram ao inglês: Somewhere (assinado como AMF, 2015) António Mão de Ferro (um álbum de versões, 2017) e agora Lunatic, que, embora datado originalmente de 2020, só agora foi lançado, devido à pandemia. “É um disco de música no geral, bastante ecléctico. Indie-rock, indie-blues, tem todas essas vertentes.” Com dez temas, três deles instrumentais (Atmosphere, este com arranjo e cordas de Tiago Mesquita, Electrified e Déjà Vu), as músicas do disco são todas de António Mão de Ferro, com seis letras escritas por Bernardo Fesch (baixista no disco) e uma por Kiko Pereira (que também a canta).

O resultado foi, para ele, bastante satisfatório, e além dos músicos já citados, contou ainda com a participação de Acácio Salero, Diogo Santos, Diogo Mão de Ferro, Jorge Oliveira, Leandro Leonet ou Rui Vilhena, músicos que António incluiu na lista de agradecimentos finais, a par de outros nomes (como Ramon Galarza), realçando agora “um agradecimento especial ao João Neves/Omnisonic Music International e à Universal Audio. E, claro, ao Dr. Paulo Cunha!”

Cinema e psicadelismo

O concerto de apresentação na Casa da Música centra-se em exclusivo em Lunatic: “É um concerto à parte daqueles que eu fiz, porque é muito cinematográfico. Tem um produtor, que fez a encenação de todo o espectáculo, o Márcio Paranhos, e juntamente com o André Tentúgal, está a preparar a realização do vídeo: a ideia é registar o concerto na íntegra para depois podermos partilhá-lo e vender o espectáculo. É como se fosse um filme. Terá algumas surpresas, umas dinâmicas diferentes. Vai estar comigo a banda que me acompanha, o Bernardo Fesch no baixo, o Diogo Santos nas teclas, o Diogo Mão de Ferro (meu irmão) na guitarra e, em estreia absoluta, dois bateristas que vão tocar juntos ao vivo pela primeira vez: o Leandro Leonet e o Jorge Oliveira [que tocam ambos no disco, no tema Right wrong]. Como convidado especial, tenho o Kiko Pereira [que no disco canta em Time e The long road].”

Foto
António Mão de Ferro ALBERTO ALMEIDA

Visualmente, o concerto assenta numa concepção plástica multiforme: “Há momentos em que haverá imagens [projectadas], mas basicamente haverá muita projecção de efeitos especiais. Vamos voltar um pouco àquela onda dos anos 70, psicadélica, a lembrar os Pink Floyd.”

Sugerir correcção
Comentar