Biosphere Destination: Vouzela quer ser primeiro concelho com selo internacional de sustentabilidade
As Aldeias Históricas e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica já conquistaram a distinção. Mafra e Alentejo estão a trabalhar para consegui-la. Mas Vouzela aposta tudo em conseguir a marca Biosphere Destination até final do ano. “Assim, mostramos ao país e ao mundo que Vouzela é um território mais sustentável.”
Vouzela prepara-se para ser o primeiro município do país a ter o selo turístico internacional “Biosphere Destination” (Destino Biosfera) na área da sustentabilidade, anunciou esta terça-feira o presidente da autarquia durante a apresentação do plano de turismo sustentável local, última etapa do processo para a certificação do município, que deverá “acontecer até ao final deste ano”.
“Está a ser implementado por muitos territórios que já têm uma maturidade muito forte na área do turismo e, em Portugal, há operadores que têm este selo, mas, enquanto território único, Vouzela e Mafra foram os primeiros a avançar no processo de certificação”, explicou Rui Ladeira. Segundo o Responsible Tourism Institute (RTI), organização não-governamental responsável pela certificação dos Destinos da Biosfera, além destes dois municípios também está “em curso” o processo do Alentejo.
“Mafra sei que está um bocadinho mais atrasado, mas nós estamos esperançados em conseguir o selo ainda este ano. Temos até dois operadores turísticos com este selo, mas nós queremos que todo o território tenha esta certificação”, explicou.
Mas o que significa este certificado, já conseguido pelas Aldeias Históricas de Portugal e pela Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica (Trás-os-Montes, Salamanca e Zamora)? “Ser membro da Comunidade de Destinos da Biosfera é pertencer a um clube de destinos cuja sustentabilidade é garantida por critérios globalmente acordados em conferências patrocinadas pela UNESCO e Organização Mundial do Turismo”, resume a RTI. “São destinos” que cumprem os “17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (SDG) das Nações Unidas” e do Acordo de Paris contra as Alterações Climáticas, via as “directrizes indicadas na Carta Mundial do Turismo Sustentável +20”.
No caso de Vouzela, indicou o presidente da câmara, o processo é “apadrinhado e financiado pelo Turismo de Portugal” e, em Julho de 2020, foi assinada a carta de compromisso com o RTI e também com o Ministério da Coesão Territorial.
“Desde esse momento que trabalhamos com os operadores locais, agentes, instituições sociais, comerciais, alojamento e restauração, animação turística, IPSS [instituições particulares de solidariedade social], ou seja, todas as forças vivas do território que se envolveram nessa carta de compromisso com os princípios da sustentabilidade”, contou.
O autarca disse que, desde então, foi desenvolvida “uma série de acções com mais de 100 entidades” para apresentar este plano de acção para optimizar, melhorar e preparar o território para esta certificação.
“Assim, mostramos ao país e ao mundo que Vouzela é um território mais sustentável, que cumpre os requisitos que estão estabelecidos nessa carta de compromisso, principalmente em três áreas fundamentais”, explicou.
Rui Ladeira disse que as “áreas estratégicas” são sociedade e cultura, ambiente e alterações climáticas, “governança” e economia que, por sua vez, “têm 62 critérios de alinhamento com 17 ODS” (objectivos de desenvolvimento sustentável).
“E todos assumimos esse compromisso de aperfeiçoamento a, por exemplo, diminuir a pegada ecológica, a criar um guia de requisitos de sustentabilidade na organização, por exemplo, do município, ou de eventos pontuais ou anuais, além da gestão da água, da energia, dos materiais a utilizar, de tudo o que é necessário para garantir mais sustentabilidade”, exemplificou.
Até o processo de certificação culminar com a entrega do selo, “há auditorias e validações necessárias para que isso aconteça” e, quando acontecer, o município de Vouzela será mais capaz e atractivo” na área do turismo.
“Depois queremos avançar para outras áreas sectoriais, empresariais, industriais, para sermos um território mais respeitador e cumpridor daquilo que são os requisitos da sustentabilidade que, numa dimensão internacional, passamos a ter maior atractividade não só para o turismo, mas, no futuro, para investir”, considerou.
Rui Ladeira disse que “Vouzela, ao assumir este propósito”, é para que, no futuro, os turistas e investidores “sintam e olhem para este território como sendo mais capaz e cumpridor das boas práticas da sustentabilidade”.