Boris Johnson ameaça suspender protocolo da Irlanda
“Faremos o que for necessário para garantir a integridade territorial do Reino Unido”, prometeu o primeiro-ministro britânico após o encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou este sábado que o seu Governo “fará o que for necessário” para “manter a integridade territorial” do país e garantiu que não hesitará em suspender os elementos do protocolo da Irlanda que considerar necessários.
"Acho que há muitos mal-entendidos na União Europeia (UE) sobre a situação na Irlanda do Norte, o equilíbrio do Acordo da Sexta-Feira Santa e o processo de paz”, disse Johnson em declarações à BBC após o encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à margem da cimeira do G7. O primeiro-ministro britânico acusou ainda a União Europeia de estar a criar “todo o tipo de dificuldades” em vez de aplicar o protocolo de maneira “sensata”.
"Se o protocolo continuar a ser aplicado desta maneira, não hesitaremos, obviamente, em invocar o Artigo 16, como eu disse antes”, disse Johnson à Sky News. “Faremos o que for necessário para garantir a integridade territorial do Reino Unido”, prometeu o primeiro-ministro britânico, acrescentando: “Acho que podemos resolver a situação, mas os nossos amigos e parceiros na UE devem entender que faremos o que for necessário”.
Antes do encontro com a presidente da Comissão Europeia, o primeiro-ministro britânico exigira o “compromisso de todas as partes” sobre os acordos na Irlanda do Norte e a necessidade de preservar o Acordo de Sexta-Feira Santa, acreditando que ainda poderia existir margem para negociações. Boris Johnson adiantou que o Reino Unido e a UE concordaram com “a necessidade de continuar as discussões sobre este assunto para encontrar o caminho a seguir”. Downing Street enfatizou ainda o “desejo de trabalhar dentro da estrutura do protocolo existente para encontrar mudanças radicais e soluções pragmáticas”.
“Este é o nosso foco imediato. Mantemos todas as opções em cima da mesa. Estamos à procura de uma solução. Conforme está a ser aplicado, o protocolo tem um impacto negativo sobre a população da Irlanda do Norte. Precisamos de encontrar soluções urgentes e inovadoras”, adiantou o gabinete de Boris Johnson, citado pela BBC.
O Governo britânico afirmou na sexta-feira, por intermédio do ministro dos Negócios Estrangeiros, que a União Europeia devia ser “menos purista” e “mais flexível”, argumentado que a integridade do Reino Unido não estava aberta a negociações. “A bola está, em grande parte, no campo da UE”, disse Dominic Raab.
No sábado de manhã, antes de reunir com Boris Johnson, a presidente da Comissão Europeia afirmou que tanto a União Europeia como o Reino Unido devem “aplicar o que foi acordado” no “Brexit” e sublinhou a “unidade total” do bloco europeu a este respeito.
Garantindo que a UE “quer as melhores relações possíveis com o Reino Unido”, Von der Leyen referiu-se às crescentes tensões em torno da aplicação do protocolo relativo à Irlanda do Norte.
“O Acordo de Sexta-Feira Santa e a paz na ilha da Irlanda são fundamentais. Negociámos um protocolo para preservar o Acordo, assinado e ratificado pelo Reino Unido e pela UE”, lembrou a presidente da Comissão Europeia na sua conta de Twitter antes de um encontro com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, no âmbito da cimeira do G7.
Também o Presidente francês tinha pedido a Johnson que respeitasse “a palavra dada” a respeito do “Brexit”. Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico mantiveram este sábado uma reunião bilateral, à margem da cimeira do G7, na qual abordaram o estado das relações entre os dois países e com a UE.
No decurso das conversações, Macron disse estar disposto a “restabelecer” a relação com os britânicos, disseram fontes do Eliseu. Contudo, o Presidente francês lembrou Johnson que este novo começo ficará dependente “do respeito dos britânicos pela palavra dada aos europeus e pelo quadro definido pelos acordos de ‘Brexit'”.
Actualizado às 17h com declarações de Boris Johnson.