O amor impossível de Pedro e Inês é agora uma relação lésbica com Cabo Verde ao fundo

O dramaturgo cabo-verdiano Caplan Neves e o encenador Nuno Cardoso juntaram-se para recriar, e crioulizar, a Castro de António Ferreira. KastroKriola, em estreia esta quinta-feira no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, resulta de um acordo de cooperação entre o Teatro Nacional São João e o arquipélago.

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JOÃO TUNA

KastroKriola é a Castro (1598) de António Ferreira como nunca a vimos e como, mesmo nos seus sonhos mais selvagens, o autor daquela que é considerada a pedra fundacional da dramaturgia clássica portuguesa nunca a imaginaria. Aqui, nesta peça escrita e falada em crioulo e inscrita no mapa sociopolítico e demográfico de Cabo Verde, Pedro é Petra, uma política promissora, a provável próxima primeira-ministra do país, que assume publicamente uma relação lésbica com Kastro, receita perfeita para a sua desgraça e para a do seu partido. O confidente de Kastro é um jovem LGBT, que dá colo aos dramas emocionais da amiga – ainda mais intensos quando se enfiam numa festa com ketamina a acontecer , enquanto, logo ali ao lado, a presidente do partido e os seus conselheiros conjuram como aniquilar de vez este romance, porque “ou aquela jovenzinha morre ou este partido morre”.

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