Greenvolt constrói operação europeia com compra de central britânica

Altri ainda está a estudar entrada em bolsa da empresa de energias renováveis liderada por João Manso Neto, que quer tornar-se num operador internacional de biomassa, solar e eólicas.

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O presidente da Greenvolt, João Manso Neto Daniel Rocha

A Greenvolt, empresa da Altri para as energias renováveis, comprou a maioria do capital de uma central de biomassa britânica, por 287 milhões de euros, e quer construir um projecto internacional, que “não é um sonho”.

Instalada no porto de Tilbury, em Essex, Inglaterra, com uma capacidade de produção de 42 megawatts, a central britânica faz parte dos planos da empresa liderada por João Manso Neto para construir um portefólio de produção de 3,6 gigawatts (GW) até 2025, com diversas operações europeias.

João Manso Neto, que esteve esta manhã a apresentar a Greenvolt aos investidores, sublinhou que a empresa tem características que a tornam “completamente diferentes dos players [de energia] ibéricos e dos operadores de biomassa” convencionais.

A Greenvolt não é uma companhia integrada de energia, com produção e comercialização, nem tão pouco uma companhia focada apenas na biomassa; quer ser um promotor de projectos renováveis e produtor independente de energia renovável, em várias tecnologias, salientou Manso Neto.

“Somos uma companhia única”, assegurou o antigo administrador executivo do grupo EDP e ex-presidente da EDP Renováveis, dizendo que os planos da Altri para a Greenvolt  não são “um sonho”, mas sim a capacidade de “pôr em execução” uma estratégia de crescimento “bem definida”, que inclui a venda de participações em activos para ir financiando a compra de novos projectos.

O plano passa por vender a investidores financeiros 70% a 80% de alguns activos seleccionados, que possam libertar os fundos necessários para prosseguir com outros projectos, revelou Manso Neto. Dos 3,6 GW planeados até 2025, apenas 1,1 GW deverão permanecer no balanço da companhia.

A empresa cujo capital a Altri admitiu vir a dispersar em bolsa este ano (Manso Neto referiu apenas que o processo continua em análise) diz-se focada em projectos de biomassa regulados (com receitas seguras) e quer expandir a sua presença em negócios de solar fotovoltaico e eólicas na Europa com um “objectivo claro: crescimento sustentável e rentável”.

Com cinco centrais de biomassa em Portugal e uma potência e 98 megawatts (e uma quota de 48% da energia eléctrica produzida em biomassa em 2020, que beneficia de tarifas subsidiadas), a Greenvolt obteve receitas de 90 milhões de euros em 2020 e um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) de 33 milhões de euros, antecipando um crescimento médio anual deste indicador de 40% até 2025.

Já tem na calha, além de investimentos no solar em Portugal (quer desenvolver 600 megawatts até 2025), projectos de 2,7 GW na Polónia e Grécia (através da V-Ridium, cuja aquisição está a negociar) e mais 170 megawatts na Roménia. Garante ainda ter identificado “novos mercados e projectos”.

Sociedade inglesa

No caso da Tilbury Green Power Holdings Limited (TGPH), a Greenvolt tem como parceiros do negócio os fundos geridos pela Equitix Group.

As acções da central ficarão parqueadas “numa sociedade de direito inglês, detida na proporção de 51% pela Greenvolt e 49% pelos fundos geridos pela Equitix”, esclarece a empresa.

“A actividade da central assenta em contratos de longo prazo” e em 2020 gerou um volume de negócios de cerca de 33 milhões de euros e registou um EBITDA de 21 milhões de euros.

A Tilbury Power Plant tem uma vida útil até 2054 e “está situada a uma distância de, aproximadamente, 40 quilómetros do centro de Londres, estando, por isso, estrategicamente localizada para processar resíduos de madeira provenientes daquele perímetro”, refere a Greenvolt.

A empresa tem “100% das necessidades de fornecimento” de combustível “integralmente cobertas por contrato de fornecimento celebrado a 16 anos”, refere a Greenvolt, destacando ainda a sua “estável e elevada capacidade de geração de cash flow”, dentro de um quadro remuneratório definido até 2037.

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