Uma lancheira de cortiça vai levar estudantes de Coimbra a competições internacionais

A lancheira ecológica, denominada The Cork Food Box, é produzida com cortiça e um bioplástico. Faz lembrar o tarro alentejano.

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Um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra (UC) criou uma lancheira ecológica à base de cortiça, inspirada num recipiente tradicional de alimentos, usado, no passado, por trabalhadores agrícolas no Alentejo.

A lancheira ecológica, denominada The Cork Food Box, é produzida com cortiça e um bioplástico, em colaboração com a Amorim Cork Composites, empresa do grupo Amorim, líder mundial na indústria da cortiça, refere a UC, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

O comunicado acrescenta que o projecto arrancou no início de 2020, na sequência de um desafio lançado aos estudantes por João d'Orey, professor convidado da unidade curricular de Gestão e Empreendedorismo do Mestrado Integrado em Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). 

A ideia, conta João d'Orey, citado na nota, era a de que os alunos fossem capazes de criar “um modelo de negócio sustentável centrado na economia circular”. “Mais concretamente, que desenvolvessem um produto inovador que permitisse reduzir a utilização de plásticos, descartáveis e não descartáveis, e outros materiais de uso único, que fosse durável e que simultaneamente tivesse um impacto positivo ao longo do seu ciclo de vida.”

A equipa formada por sete estudantes — Alexandre Jorge, Ana Silva, Cindi Costa, Francisco Brandão, Margarida Oliveira, Raquel Caracitas e Rodrigo Moreira — acabou por se inspirar em “práticas sustentáveis” utilizadas no passado por trabalhadores agrícolas da região do Alentejo, os quais “levavam para o campo um recipiente de cortiça para alimentos, chamado Tarro”, explicam os alunos, igualmente citados no comunicado.

“Fazia todo o sentido, já que é um produto 100% natural e endógeno de Portugal, que é o maior produtor mundial de cortiça”, acrescentam os estudantes, notando que “os compósitos de polímero de cortiça podem ser personalizados e moldados de acordo com as necessidades do cliente, são leves e de extraordinária resistência”.

A lancheira ecológica inclui um conjunto de recipientes “de diferentes dimensões para transporte e consumo de alimentos, bebidas e café”, sendo, por isso, “um conceito polivalente”, que a torna adequada ao “uso diário, serviços de take-away e eventos”, assinalam os estudantes.

Segundo a equipa, o projecto possui um “aspecto diferenciador” já que, no final do seu ciclo de vida, os recipientes podem ser entregues “e reutilizados como matéria-prima na produção de pavimento flutuante, reduzindo assim o impacto ambiental do próprio negócio”.

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O docente João d'Orey acredita, por seu turno, que a lancheira ecológica poderá estar no circuito comercial dentro de um ano, embora o projecto, que já possui modelo de negócio estruturado e alguns protótipos, ainda tenha algumas fases para cumprir.

“Temos de garantir que o produto obedece a determinadas características técnicas, como, por exemplo, estar apto para ser lavado na máquina de lavar loiça, para ir ao microondas para aquecer a comida que transporta, e obter a certificação para o uso alimentar, cujo processo já está em marcha, ou seja, estamos na fase de configuração final do produto”, refere.

Para tal, será criada uma startup na Universidade de Coimbra, de modo a serem estabelecidas parcerias “a vários níveis”, as quais, no início, irão “centrar-se na produção do produto e na grande distribuição”, sublinha o comunicado.

“Em seguida, numa segunda fase, os autores do projecto pretendem firmar consórcios com restaurantes e organizações de grandes eventos, como, por exemplo, festivais e festas estudantis, como a Queima das Fitas”, acrescenta.

A lancheira The Cork Food Box é um dos 12 projectos que vai disputar, em Novembro, na Austrália, a final da “Urban Innovation and Entrepreneurship Competition”, uma competição de inovação e empreendedorismo.

A equipa de alunos da FCTUC responsável pela lancheira ecológica irá ainda disputar a 7.ª edição da “China International College Students Internet+ Innovation and Entrepreneurship Competition”, actualmente “uma das maiores competições internacionais em inovação e empreendedorismo para estudantes universitários”, destaca a nota da UC.