Governo Bolsonaro ataca Economist após reportagem sobre o Brasil

Revista britânica mostra o Cristo Redentor com máscara de oxigénio e diz que a prioridade deve ser afastar Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

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A capa da última edição da Economist
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Duas capas passadas da Economist que utilizaram a imagem do Cristo Redentor

O Governo de Jair Bolsonaro não gostou de ver a crítica na capa da revista britânica The Economist, que considera que o Brasil “enfrenta a maior crise desde o regresso à democracia em 1985”, e conclui que “chegou a hora” de o Presidente “ir embora”.

“Os desafios [do Brasil] são assustadores: estagnação económica, polarização política, ruína ambiental”, diz a revista, acrescentando ainda “um Presidente que está a minar o seu próprio governo”, substituindo funcionários de carreira por aliados, por exemplo. No final, conclui a Economist, chegou a hora de Bolsonaro “ir embora”: o futuro do país depende das eleições de 2022. “Será difícil mudar o curso do Brasil enquanto Bolsonaro for Presidente. A prioridade mais urgente é votar para retirá-lo do poder.”

A revista não sugere qual candidato seria o mais indicado para governar o Brasil. Mas acrescenta, segundo a BBC Brasil: “Os políticos têm de enfrentar as reformas económicas atrasadas. Os tribunais devem reprimir a corrupção. E empresários, ONG e brasileiros comuns devem protestar a favor da Amazónia e da Constituição.”

A publicação afirma que o Brasil já enfrentava uma “década de desastres” antes da eleição de Bolsonaro, mas que com este, e com a pandemia, tudo piorou. “Antes da pandemia, o Brasil sofria de uma década de problemas políticos e económicos. Com Bolsonaro como médico, o Brasil agora está em coma.”

E lembra que Bolsonaro encerrou a investigação da Lava Jato após acusações feitas contra os seus filhos — beneficiando “políticos corruptos e grupos criminosos organizados”.

Os artigos mereceram uma reacção da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), que acusou a revista britânica de produzir uma narrativa “falaciosa, histriónica e exagerada” num a série de tweets. “A revista The Economist enterra a ética jornalística e extrapola todos os limites do debate público. Com o objectivo de atacar o presidente da República e influenciar os rumos políticos do Brasil, destila uma retórica de torcida organizada e acaba, na verdade, atacando o intenso trabalho do Governo do Brasil, a autonomia da nação brasileira e os brasileiros como um todo.”

Mais, a Secom questiona mesmo se a Economist não teria defendido a eliminação do Presidente – quando a revista afirmou que “a prioridade é derrotá-lo nas urnas” e não “a prioridade é eliminá-lo”, explica o diário Folha de São Paulo. “Estaria o artigo fazendo uma assustadora apologia ao homicídio do Presidente?”, pergunta a Secom num dos 23 tweets que dedicou à Economist, o que a Folha de São Paulo explica como uma confusão com base numa má tradução, de “derrotar” para “eliminar”.

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