Arquitectura
Em Santo Tirso, há uma Casa Verde que se confunde com a paisagem
Em Santo Tirso, mesmo nos limites da cidade, a Casa Verde, projecto de Liliana Maciel, integra-se nas cores da paisagem envolvente.
Em Santo Tirso, mesmo nos limites da cidade, numa passagem para o meio rural do concelho ladeado pela frenética Estrada Nacional 105, os olhos mais curiosos param para observar a imponência da Casa Verde. Encaixada numa parcela generosa de terreno, a casa que tem mais de um século encontrava-se moldada pelas várias intervenções e evoluções construtivas. Ainda assim, apesar do estado de degradação, fruto e consequência do peso dos anos, as suas características apaixonaram os proprietários e, mais tarde, Liliana Maciel, a arquitecta responsável pela reabilitação da propriedade.
O primeiro piso está associado a áreas mais lúdicas da habitação, o intermédio tem a cozinha e zonas sociais e o superior é destinado ao descanso. Em tempos, o piso agora orientado para escritórios e biblioteca serviu como garagem e espaço de manutenções. "Ainda havia restos de óleo", conta Liliana Maciel ao P3. Ao procederem à demolição e limpeza da divisão encontraram uma coisa "estranha no interior da casa: um fosso".
Ao todo, a associação dos materiais, as linhas contemporâneas, as janelas mais neutras com ligeiro espelhado para reflectir o verde da paisagem e as combinações das tonalidades do verde e do castanho da fachada exterior integram a Casa Verde em toda a sua vista, como mostram as fotografias de Ivo Tavares.
Ao contrário do exterior, a cor branca pinta as paredes interiores da casa, contrastando com a cor castanha das madeiras, da caixilharia das janelas e da escada em caracol. Ao todo, para preservar a identidade e a memória da habitação, mantiveram-se a materialidade icónica dos mosaicos hidráulicos da entrada e a mais anciã da pedra e da madeira dos painéis de tabique.
A obra teve início em 2019 e ficou concluída em Fevereiro de 2021. A reabilitação da Casa Verde aliou "a contemporaneidade das soluções, na busca por uma espacialidade de conforto térmico, acústico e, claro, estético, numa dança de respeito e sincronia de tempos", esclarece a arquitecta.
Texto editado por Ana Maria Henriques