Cortou o pénis do patrão que a obrigava a manter relações sexuais
A polícia vai agora investigar possíveis abusos sexuais. A comunidade autónoma da Catalunha é a região de Espanha com mais denúncias de violações no primeiro trimestre do ano.
Os Mossos D’Esquadra (polícia catalã) detiveram uma mulher que, na segunda-feira, cortou o pénis do patrão do bar onde trabalhava em Sant Andreu de la Barca, Barcelona, de acordo com a imprensa espanhola. A mulher entregou-se na esquadra e declarou ser autora do crime, justificando que o homem a forçava há meses a manter relações sexuais, tendo ficado detida sob acusação de ofensas à integridade física.
Os Mossos vão iniciar uma investigação para averiguar os possíveis abusos sexuais. Até lá, a mulher vai continuar detida até decisão judicial. O homem foi levado para as urgências do Hospital Bellvitge e a sua detenção está prevista para quando o seu estado de saúde o permitir.
O homem e a mulher são ambos originários do Bangladesh e têm à volta de 40 anos, refere o La Vanguardia. Trabalham juntos há cerca de seis meses, desde que o homem decidiu montar o bar El Sibarita de La Barca e contratar a mulher como empregada.
Segundo as declarações da mulher à polícia, o patrão obrigava-a a manter relações sexuais não consentidas até ela já não aguentar mais e, na segunda-feira, por volta das 2h, quando o homem tentou mais uma vez abusar sexualmente dela, pegou numa faca de cozinha de grandes dimensões e cortou-lhe o pénis.
Depois do ataque, o homem correu ensanguentado para a esquadra da polícia, com a mulher logo atrás, tendo aquele sido transportado para o hospital e esta ficado detida.
A base de dados estatísticos da agência Europa Press, Epdata, mostra que a Catalunha é a comunidade autónoma espanhola que mais denúncias de abusos sexuais registou no primeiro trimestre do ano, com 119, superando em mais do dobro a Andaluzia, com 56 registos, que detém o segundo lugar nesta lista.
As denúncias de violações têm aumentado de forma significativa em Espanha desde 2016, segundo a Epdata. No primeiro trimestre deste ano, foram registadas 426 denúncias. No mesmo período homólogo de 2020 foram registadas 383. Por comparação, em 2016 registaram-se 254 denúncias.
Estes números seguem a tendência crescente de denúncias de vários tipos de abusos sexuais verificada nos últimos anos no país. Segundo o Balanço de Criminalidade do Ministério do Interior espanhol, os crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual aumentaram 11,3% em Espanha no ano passado. Em concreto, as agressões sexuais com penetração aumentaram em 10,5%, ao passo que os restantes crimes sexuais aumentarem 11,4%.
A Epdata também registou as variações crescentes das denúncias de crimes contra a liberdade sexual – incluindo casos de abuso e agressão sexual. Desde 2013 as denúncias foram aumentando consecutivamente. As 8923 denúncias em 2013 passaram para 15 338 denúncias em 2019.
Os casos de abuso sexual contra menores também aumentaram consideravelmente. Segundo a Fundação ANAR, que auxilia crianças e adolescentes em risco, a taxa de crescimento de casos de abuso sexual contra menores em Espanha quadruplicou entre 2008 e 2019. Mas o grande salto deu-se entre 2017 e 2018, refere num relatório.