EDP confirma saída do consórcio do hidrogénio em Sines
Empresa diz que está a estudar 20 projectos de produção de hidrogénio verde em “várias geografias”.
Dez meses de estudo sobre a viabilidade de um grande consórcio de produção de hidrogénio verde em Sines levaram a EDP a concluir que aquele projecto não faz sentido na sua estratégia.
A empresa liderada por Miguel Stilwell de Andrade confirmou esta terça-feira ao PÚBLICO que decidiu abandonar o projecto onde até agora também tem estado envolvida com a Galp, assim como com a francesa Engie, a Martifer, a Vestas e a REN.
Concluída a avaliação deste potencial consórcio promovido pelo Governo, “a EDP entende que a sua estratégia e futuros investimentos em hidrogénio verde deverão aplicar-se a outros projectos com os quais espera, de igual forma, continuar a contribuir para a descarbonização da economia”.
As várias entidades têm estado ligadas apenas por um memorando de entendimento, assinado em Julho, com vista à criação do consórcio H2Sines e agora a EDP confirma que “concluiu a sua participação” neste grupo.
A empresa garante estar a “avaliar projectos inovadores e com potencial de crescimento nesta área nas várias geografias em que opera, mantendo actualmente cerca de 20 projectos sob análise”.
A EDP salienta que criou em Fevereiro uma “nova unidade de negócio – H2BU – precisamente para promover oportunidades de investimento e desenvolvimento” de iniciativas na área do hidrogénio verde e do armazenamento de energia.
Também garante que o seu desinteresse num futuro consórcio ligado ao hidrogénio na localidade alentejana, onde encerrou este ano a central a carvão que estava em operação desde 1985, “não anula o compromisso” de manter a “ligação a Sines”.
A empresa diz-se ainda a “avaliar todas as potenciais oportunidades de investimento” naquela região, seja no hidrogénio verde ou qualquer outra área que “considere sustentável e que possa contribuir para o desenvolvimento do território e das suas comunidades”.
Recentemente, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas disse ao PÚBLICO esperar da EDP “a fixação de investimentos” na região, mesmo afastando-se do consórcio H2Sines.
O presidente da REN, Rodrigo Costa, também já assinalou que a REN não fará parte de qualquer consórcio ligado à produção de hidrogénio, pois isso é incompatível, à luz das regras europeias, com as suas operações de transporte energético.
A secretaria de Estado da Energia, de João Galamba, adiantou esta terça-feira que “a formalização dos consórcios é da responsabilidade das empresas que o integram” e que “Sines continua com o mesmo papel relevante como cluster industrial, independentemente da orgânica entre os vários agentes”.