ONU aprova comissão para investigar violações de direitos humanos em Israel

A criação de comissão internacional independente teve a aprovação de 24 dos 47 países que integram o Conselho de Direitos Humanos. Israel fala de “decisão vergonhosa”.

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Protestos no bairro de Silwan, em Jerusalém Oriental ABIR SULTAN/EPA

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou esta quinta-feira a criação de uma comissão para investigar as violações ao direito internacional e humanitário que teriam sido cometidas nos territórios palestinianos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, no recente conflito entre Israel e o Hamas que terminou com o cessar-fogo de 20 de Maio.

“Espero sinceramente que esta seja a última vez que precisamos de uma sessão tão extraordinária”, disse a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

A criação desta comissão internacional independente teve a aprovação de 24 dos 47 países que integram o Conselho de Direitos Humanos, enquanto nove votaram contra, entre os quais Áustria, Alemanha, Bulgária e Reino Unido. Houve, ainda, 14 abstenções, com destaque para França e Brasil.

A comissão vai investigar “todas as alegadas infracções do direito internacional humanitário, violações e abusos do direito internacional dos direitos humanos que ocorreram antes e depois de 13 de Abril de 2021. Irá, ainda, esclarecer “todas as causas das repetidas tensões, instabilidade e longa duração do conflito, incluindo a discriminação sistemática e a repressão por motivos de origem nacional, étnica, racial ou religiosa”.

Pouco depois de tomar conhecimento da decisão, Israel mostrou a sua rejeição “categórica” ​​a qualquer tipo de investigação a esse respeito, uma posição adoptada em ocasiões anteriores, e acusou o Conselho de Direitos Humanos de ser “um órgão de maioria anti-israelita”.

“A decisão vergonhosa desta quinta-feira é outro exemplo da flagrante obsessão anti-Israel do Conselho de Direitos Humanos da ONU”, disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que acusou o que considera como uma “maioria imoral” de “encobrir uma organização terrorista genocida que alveja deliberadamente civis israelitas enquanto transforma os habitantes de Gaza em escudos humanos”, disse, referindo-se ao Hamas.

Por sua vez, os Estados Unidos, que não têm direito de voto depois de saírem em 2018 por ordem do então presidente Donald Trump, lamentaram “profundamente” o lançamento de uma investigação com estas características, que “ameaça colocar em risco o progresso alcançado”.

 
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