Mariana Caló e Francisco Queimadela também vão à Bienal de São Paulo
Dupla de artistas portugueses junta-se ao nome de Luísa Cunha, que já tinha sido anunciado.
Já se sabia que a artista Luísa Cunha não seria a única presença portuguesa na Bienal de Arte de São Paulo, cuja exposição principal deverá abrir em Setembro na cidade brasileira. No final do ano, sem revelar a sua identidade, a organização da bienal já tinha anunciado que também convidara uma dupla de artistas nacionais, o que permitia elevar a presença de Portugal a três artistas. O número mostrava que a ausência na edição anterior tinha sido um acidente — o país falhara pela primeira vez uma bienal onde tinha estado presente ao longo de 67 anos.
Nesta quinta-feira, a Fundação Bienal de São Paulo anunciou os 35 artistas que completam a lista de quase uma centena de convidados, entre os quais estão os portugueses Mariana Caló e Francisco Queimadela. Ao lado de nomes como os dos artistas Paulo Kapela (Angola) ou Guan Xiao (China), de realizadores como Éric Baudelaire (EUA/França), de encenadores como Roger Bernart (França) ou de um grupo de teatro como Yuyachkani (Peru), Mariana Caló (Viana do Castelo, 1984) e Francisco Queimadela (Coimbra, 1985), que colaboram desde 2010, vão levar ao Brasil duas instalações e um conjunto de desenhos a guache e serigrafias.
Esta é a primeira vez que participam na Bienal de São Paulo, explicam os dois artistas ao PÚBLICO: “Ficamos muito felizes e honrados pelo convite dirigido pelos curadores Jacopo Crivelli Visconti, que nos veio conhecer quando esteve no Porto, e Francesco Stocchi. O nosso agradecimento estende-se à sua equipa pelo apoio à produção das nossas obras, é um grande privilégio participarmos nesta edição e voltarmos a expor no Brasil.”
Umas das obras que os dois artistas foram convidados a mostrar na bienal é a instalação Efeito Orla (2013), uma pesquisa sobre o lince-ibérico, em que exploram, na serra da Malcata, as fronteiras entre realidade, sonho e ficção. O felino em vias de extinção é um espectro, pressentido mas nunca avistado, numa obra que pretende pôr em diálogo o biológico, o vernacular e o cultural. Se esta é uma instalação vídeo, já Sala da Memória para Corpo Radial, apresentado na Galeria Boavista em 2020, é uma estrutura tridimensional em madeira e painéis de seda pintados, obra que estão a refazer e a que vão dar continuidade em São Paulo. Foi em 2015 que Mariana Caló e Francisco Queimadela criaram uma primeira imagem de Sala da Memória, um trabalho inspirado nas técnicas discursivas da Grécia Antiga em que os oradores recorrem à arquitectura para facilitar a memorização, associando o desenrolar do discurso ao percurso num espaço.
A 34. ª Bienal de São Paulo, que tem como curador geral o italiano Jacopo Crivelli Visconti, foi concebida a partir do conceito de “relação”: expande-se no espaço, através da parceria com instituições culturais da cidade, e no tempo, com a realização de mostras e acções apresentadas no Pavilhão da Bienal, que já tiveram início em Fevereiro.
Logo no início do ano, numa exposição que foi muito condicionada pela pandemia, Luísa Cunha – entretanto distinguida com o Grande Prémio Fundação EDP Arte 2021 — apresentou a peça 1680 metros, uma encomenda da bienal, numa exposição intitulada Vento, dedicada a obras de vídeo e som. A peça sonora, que reflecte sobre a arquitectura do pavilhão de Oscar Niemeyer, vai igualmente ser apresentada em Setembro na exposição principal ao lado de outras obras de Luísa Cunha.
A Direcção-Geral das Artes assinou um acordo de cooperação internacional no valor de 25 mil euros com a Fundação Bienal de São Paulo para apoiar a presença de artistas portugueses na 34.ª edição.