Novo Banco contava usar valor das chamadas de capital, diz director de risco

A comissão parlamentar de inquérito às perdas do Novo Banco continuou esta quarta-feira com a presença de Carlos Brandão, responsável pelo departamento de risco do banco.

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LUSA/TIAGO PETINGA

O director do departamento de Risco Global do Novo Banco, Carlos Brandão, disse esta quarta-feira no Parlamento que o banco esperava usar o valor do Acordo de Capitalização Contingente (CCA) negociado aquando da venda à Lone Star.

Questionado pelo deputado Alberto Fonseca (PSD) sobre se “a expectativa da Comissão Europeia [3,3 mil milhões de euros no cenário base e 3,9 mil milhões no cenário adverso] não era muito diferente da expectativa que o banco tinha face à realidade que conhecia”, Carlos Brandão respondeu “correcto”.

O responsável pelo departamento de Risco Global e antigo líder do Barclays e Bankinter em Portugal foi hoje ouvido pelos deputados na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

“Era uma expectativa. Como sabe, num horizonte temporal tão grande - estamos a falar de 2016-2020 ou eventualmente além de 2020 - tanta coisa pode acontecer que poderá eventualmente alterar essas expectativas”, respondeu a Alberto Fonseca.

O deputado disse depois que a expectativa “não foi ocultada a nenhuma outra entidade”, como o Banco de Portugal ou o Ministério das Finanças, quanto ao “potencial de utilização” das chamadas de capital ao Fundo de Resolução.

“Acredito que sim”, disse Carlos Brandão, assegurando que o Novo Banco “não vai além da sua base de capital em termos de apetite de risco”, adaptando os processos em sua função.

“Não tomamos decisões em função daquilo que poderá ser o valor utilizado ou não no CCA”, garantiu.

Carlos Brandão confirmou também que desde que entrou para o banco, em 2017, “existia a expectativa de um aumento das imparidades globais” da instituição liderada por António Ramalho, e não apenas dentro dos activos incluídos no CCA.

O Novo Banco foi criado em Agosto de 2014 na resolução do Banco Espírito Santo (BES).

Em 2017, aquando da venda de 75% do banco à Lone Star, foi criado um mecanismo de capitalização contingente, pelo qual o Fundo de Resolução se comprometeu a, até 2026, cobrir perdas com activos ‘tóxicos’ com que o Novo Banco ficou do BES até 3.890 milhões de euros.

O Novo Banco já consumiu até ao momento 2.976 milhões de euros de dinheiro público ao abrigo do mecanismo de capitalização.